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51
07/12/977
Há lágrimas
Apagadas
Nas palmas das mãos.
Há risos
Perdidos
Nas palmas das mãos.
Há vícios
Escondidos
Nas palmas das mãos.
Há fantasias
Espraiadas
Nas palmas das mãos.
Zé Onofre
Há sonhos
Não sonhados
Nas palmas das mãos.
47
07/11/977
O vento,
O vento vai de árvore em árvore
A contar.
Quem vai,
Quem vem…
Ninguém vem,
Ninguém vai,
Apenas vento.
É bom estar no vento.
O vento ouve-se melhor à noite.
Nos carros que passam.
Nas vozes das pessoas.
O vento é uma canção
Nos lábios das crianças
Quando estão felizes.
Zé Onofre
45
30/06/977
Faço
E desfaço
Passo a passo
O que construo
Com amor,
Carinho
E cansaço.
46
01/07/977
As flores,
O tempo,
As aves,
Lonjura sem fim.
44
28/06/977
Quero o sol
Em sua pureza
Líquida …
Grita o grilo
No musgo fofo.
Toda a noite
O seu cri,cri,cri
Se fez ouvir,
Grito sibilante
De vento
Nas árvores.
De manhã
O sol acordou
Em pérolas de água,
Em cristais de sons.
Foi uma sinfonia de cores
Que incendiou
A terra inteira.
43
22/06/977
Ser ou não ser
Nunca foi a questão.
É,
Foi,
Será
Discutir o nada.
A questão
É querer não ser
O que se sente ser
Em cada dia.
Zé Onofre
42
17/06/977
Mãe
Quero a vida
Empinada
Num cavalo de fogo
Que rasgue
Em seu fulgor
As portas sem fim
Dos caminhos da alegria.
Quero a vida
Em gritos de alegria
Que rebentem em sua estridência
As prisões couraçadas
Dos caminhos do medo.
Zé Onofre
41
01/06/977
Hoje é o dia Mundial da criança.
O esquecimento.
O esquecimento.
Enfim,
O esquecimento apenas.
40
15/03/977
É bom,
É sinal de esperança
Logo de manhã
Receber um ramo
De alecrim
Das mãos de uma criança.
Poderia até ter sido de tojo
Pleno de picos e veneno,
Significava o mesmo.
Vindo das mãos de um menino.
Não importava se fossem ortigas,
Ou cardos, sei lá.
Significa que entre nós
Alguma relação há.
39
26/02/977
Hoje
Dia longo
De cinzas esparramadas
Liquefeitas.
Hoje,
Dia longo de cinzas esfarrapadas
Em água.
38
11/02/977
Discurso longo, longo,
Te fazem pobre criança.
Será que em vós o sonho
Não tem uma réstia de esperança?
Zé Onofre
Será que a vossa vida
É ouvir e calar,
Nunca será ouvido
O que tendes para contar?
