Por aqui e por ali 110
110
998/09/18
Alameda Teixeira de Pascoais, Amarante
Não sei se é esta angústia
Que me desespera.
Ou se desespero desta espera de nada esperar.
Não sei
Se as palavras de desespero,
Que uma a uma escrevo,
São sinal de desespero,
Ou apenas palavras desesperadas.
Não sei se as palavras
Ainda servem para unir,
Ou se já nem unem, nem separam,
Apenas balões de ar
Que o vento leva.
Não sei
Se foram as palavras que perderam
A magia, o sonho e o espanto,
Ou se fui eu que me esqueci de me maravilhar.
Não sei se esta mágoa
É mágoa verdadeiramente sentida,
Ou apenas mágoa fingida
De quem a já nada pode magoar.
Não sei se são as palavras
Que perderam o sentido,
Ou se sou eu que já não as sabe usar.
Zé Onofre