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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

28
Set22

Histórias para aprender a ler e a escrevrer - Livro I - Passeio na mata

Zé Onofre

Passeio na mata

PASSEIO NA MATA.jpg

 

Numa certa tarde de primavera,

Já mais parecido com um verdadeiro verão,

Do que com a primavera,

A mãe da Carolina,

Saudosa dos tempos

Em que tinha a idade que a Carolina tem,

Até porque o tempo convidava,

Disse à filha

Vamos passear.

 

Lá vão dois chapéus coloridos

A caminho do fresco das sombras do monte.

Carolina curiosa com a novidade

Não se cansa de falar.

Mãe que é isto?

Mãe e aquilo?

Olha era ali que fazias …

A mãe plena de melancolia,

Respondia com paciência mal disfarçada.

 

A Carolina, atenta e observadora

Foi avançando,

Enquanto a mãe se perdia nos seus pensamentos,

À descoberta dos lugares do monte

Que conhecia muito bem de ouvir contar.

Olha as ruínas do pombal.

Aqui é a eira do magusto da catequese.

Ali é a velha cabina elétrica,

Mesmo junto ao campo de centeio

Onde um caçador zangado,

Depois de ter falhado um coelho a dois passos,

Lhe atirou com a espingarda.

 

De vez em quando espreitava a mãe.

Lá vinha a mãe ausente do agora,

Presente no passado.

Agora apanhava munha para o magusto.
Já estava a rapar musgo com os dedos para o presépio.

Com a foicinha, que aparecera não sabe de onde,

Está a cortar rosmaninho para o tapete da Páscoa.

Está mesmo a avançar para o laranjal do Dr.
 

Cada uma caminhava os mesmos caminhos

Que eram paralelos, uma no passado, outra agora.
Nisto a Carolina ouviu

cu-cu.

Vai buscar a mãe às brumas do ontem

Chamaste mãe?

Não, continua que está tudo bem,

Regressando de imediato ao outrora.

 

Carolina encolheu os ombros.

Recomeçou a sua viagem de descoberta.

De novo, do nada

cu-cu.

Mãe está alguém a seguir-nos.

Não ouviste, cu-cu?

Ah isso.

Olha bem para o alto daquele pinheiro.

Que vês?

    Um passaroco, não é?

    Não, tolinha, é um cuco.

    Um cuco?

    Sim filhota um cuco.

Quando tinha a tua idade

O cuco ouvia-se muitas vezes,

Hoje já se ouve menos.

Quando o ouvíamos perguntávamos-lhe

“Cuco da beira,

Cuco da beira-mar,

Quantos anos faltam

Para eu me casar?” –     

 

O cuco resolveu responder

cu-cu cu-cu cu-cu cu-cu…

Contaste, filha?

Oh, não!

Então ficaste sem saber.

O quê?

Quantos faltam para te casares.  

   Zé Onofre

26
Set22

Histórias para aprender a ler e a escrever - Livrto I - A dália Amarela

Zé Onofre

A dália amarela

 

A DÁLIA AMARELA.jpg

O sol, naquela tarde, estava irresistível,

Ditando imperativamente à gente, sai.

A mãe da Dalila de forma previsível

– Filha, vai buscar a bicicleta, rápido, vai.

 

Lá vão as duas, rua abaixo até ao Jardim,

Onde a mãe, sentada, viaja pelo livro que lê

Dalila pedala, pedala pelos caminhos sem fim

À descoberta de algo novo, só não sabe o quê.

 

A mãe embalada na sua viagem-leitura

Esqueceu completamente onde estava.

A Dalila continua a pedalar, inocente e pura,

Até que de repente para. Alguém a chamava.

 

Olhou para a direita, para a esquerda ninguém.

Olhou para trás. Nem sombra de pessoa.

Contudo, a voz fazia-se ouvir muito bem.

– Não procures longe, segue a voz que soa.

 

Acreditou. No jardim uma dália amarela

Sorria-lhe com quantas pétalas tinha.

Suavemente roçou a uma folha na mão dela.

Dalila seguiu-a como se a dália fosse a mãezinha.

 

Começou a contar baixinho um, dois, … até dez.

Pararam num local que Dalila achou belo e estranho.

Olhou, nem bicicleta nem mãe, nada.  Olhou outra vez.

Apenas o lago estava ali, mas já não era sujo castanho.

 

Sob a água agora clara e transparente,

Passeavam peixes de barbatanas dadas.

As árvores reverdeceram. A relva esplendidamente

Verde refletia as flores de cores renovadas.

  

De mão dada com a dália amarela via assim

Que aquele lugar onde agora estava só em sonho

Poderia existir. Aquele não era o seu jardim.

Como aquele só num mundo alegre e risonho.

 

Voltou à realidade do jardim de todos os dias

Ao chamado da mãe que a trouxe à realidade.

Vamos Dalila. Gostava de saber por que sorrias?

É uma pena termos de ir, porém é a verdade.

   Zé Onofre

20
Set22

Histórias para aprender a ler e a escrever - Livro I - Luís e Liliana

Zé Onofre

Luís e Liliana

LUÍS e LILIANA.jpg

Aconchegados no colo da avó

pedem a uma voz só

Conta mais uma vez...

E a avó, olhar ternura,

os olhos a fechar,

volta à aventura

e de novo começa

era uma vez ...

 

Era uma vez no reino da lua

um príncipe galante

uma princesa gentil

um mau gigante

e um dragão servil.

O dragão guardava a princesa

que o mau gigante

mantinha presa

no seu castelo distante.

O príncipe de loiros cabelos

tinha por missão

libertar a princesa

vencer o gigante

matar o dragão.

 

De repente

a voz da avó sumia-se

a cabeça tombava       

e Luís e Liliana

fugiam para o terreiro,

à espera da lua,

onde Luís fingia

Que era o príncipe

E Liliana a noiva sua.

E, num instante,

Luís, valente,

vence o gigante

resgata a princesa

E oferece-lhe o dragão

de presente.

 

E,

à luz da lua

que mansa no céu caminha

voltam para dentro

aconchegam a avó

que adormeceu.

Zé Onofre

Desenvolvimento

Frase - Luís e Liliana dançam à luz da lua.

Proceder como nos textos anteriores.

 

18
Set22

Hisstórias para aprender a ler e a escrever - Livro I - Tiago e o pato

Zé Onofre

Tiago e o pato

TIAGO E O PATO.jpg

 

Um quá-quá que se ouve  

uma risada logo de seguida.

São o Tiago e o seu pato

numa grande, louca corrida.

 

No relvado bem cuidado

vai uma grande algazarra.

É o Tiago atrás do pato

a ver se o pato agarra.

 

Por isso nada surpreendida

ficou a mãe naquele Março

em que tendo ido chamar Tiago

lhe encontrou o pato no regaço.

 

Mostrando zanga, escondendo o riso,

ficando entre o bater ou não bater

a mãe do Tiago ali decidiu:

_ Isto não volta a acontecer!

 

E o Tiago de pé, com ar sério,

com o pato ao peito aconchegado:

_ Mãe, olha que frio vai lá fora

ainda fica o pato constipado!

 

É por isso que a mãe diz:

não sei, com ar abstrato,

se é o pato que é do Tiago

se é o Tiago que é do pato.

 

Desenvolvimento 

 

  1. Frase: O Tiago corre atrás do pato.
  2. Palavras: Tiago ; pato
  3. Sílabas   Ti+a+go         pa+to   
  4. Seguir as indicações do texto anterior.

 

Zé Onofre

17
Set22

Histórias para aprender a ler e escrever - Livro I - A presa

Zé Onofre

A Presa

A PRESA.jpg

Num local afastado no meio da floresta,

Há uma casa, a Casa da floresta.

A casa onde vivia o pai, Paulo,

A mãe, Ana Rita

E um filho tardio, Pedro, ladino e rabino,

Alegria e cuidados dos pais.

 

O prazer do Pedro …

(Esquecia-me de falar do cavalito)

Era cavalgar no Ruço pela floresta.

Corria os caminhos que a cruzavam,

Até onde deixava de ser floresta

E se transformava em mata.

 

Ia-se mais longe por um só caminho,

Serpenteante por entre as sombras das árvores.

O mato era mais denso, escondia perigos

Que a mãe exagerava até ao infinito.

Por medo próprio e como freio para o filho.

Por respeito, ou por medo, regressava.

 

Há um momento em que a tentação,

De ultrapassar o proibido vence o medo.

A atração pelo abismo é irresistível.

Assim um dia, “seja o que Deus quiser”.

Pedro, chegou ali, fechou os olhos,

Entrou mata dentro num galope louco.

 

Parou numa clareira soalheira

Onde uma lagoa refletia o sol, e o céu,

No espelho líquido das suas águas,

Da cor de que a luz e o tempo as pintavam.

Desmontou. O Ruço pastava a erva

Sentou-se frente à lagoa. Viu o mar.

 

As nuvens refletidas já não eram nuvens,

Eram gaivotas, rochedos, barcos a sair e a entrar.

A pequena ondulação provocada pela aragem

Era agora uma ondulação forte, 

Deleitosa a lavar com a sua espuma salgada

Os seus pés nus que iam pela areia molhada.

A tarde ia escurecendo e em casa a mãe

Olhava aflita o relógio e o horizonte humedecia.

O pai Paulo chegou e esperou de braços abertos

O salto do filho para o seu colo e … nada.

Deu um beijo à mulher e com os olhos interrogou-a

E a mãe respondeu soltando as lágrimas retidas.

 

No seu cavalo branco, cabelo ao vento,

Em cavalgada desesperada encontra o filho

Estátua humana fitando o infinito na água da lagoa.

Torna-o á vida. Vão no seu cavalo com o Ruço atrás.

À janela, a mãe inquieta vê-os vir e sorri.

O menino abraça-a e diz – Ó mão era tão lindo!

 

Desenvolvimento 

 

  1. Leitura em voz alta e clara do texto, como se fosse contado.
  2. Leitura do texto, em voz alta e clara, com respostas a perguntas sobre o sentido de algumas palavras.
  3. Dramatização do texto.
  4. Contar por desenho/pintura o texto.
  5. Recontar o texto.
  6. Dizer frases sobre o texto.
  7. As frases ditas vão sendo escritas no quadro.
  8. Leem todas as frases coletivamente.
  9. Cada um tenta identificar a frase que disse.
  10. Escolhem uma das frases.
  11. Na mesa escrevem a frase sem copiar – leem a frase, tapam a palavra (as palavras a escrever) depois de as terem observado bem.
  12. Na frase escolhida destacam-se duas palavras.

O pai levou o Pedro no cavalo.

  1. pai                      Pedro
  2. Dividem as palavras escolhidas em sílabas

pai – pai              Pedro – Pe + dro   

  1. Preenchem o seguinte quadro
  1.  Pe + dro                                     pai

 

                      a|    pa                          

             e|    Pe

              i|    pi  

                      o|     po

                      u|     pu

                    ãe|     pãe                   

                     ai|     pai                

                    ao|     pao                  

                    ão|     pão             

                    au|     pau                         

                     ei|     pei                            

                    eu|     peu                             

                    iu|      piu                         

                    õe|     põe                          

                     oi|     poi 

                    ou|     pou 

                     ui|     pui                          

  1. Com as sílabas formadas escrever novas palavras.
  1. Com as “novas” palavas trabalham com as frases conhecidas.
  2. Com as frases e palavras conhecidas escrevem textos.

    Zé Onofre

12
Set22

Histórias para aprender a ler e escrever - Livro I - O ouriço mágico

Zé Onofre

O ouriço mágico

OURIÇO MÁGICO.jpg

Havia, para além do lugar

Onde o Judas perdeu as botas,

Uma aldeia que era conhecida

Apenas por há muito se contar

Que, lá na aldeia do Outeiro,

Uma vez por outra no Souto

Caía no chão um ouriço mágico,

Vinda do mais alto castanheiro.

 

Nunca alguém tinha visto o tal ouriço.

Contudo todos afirmavam convictamente

Que não era por nunca se ter visto,

Que o ouriço mágico não existia.

Afirmavam, os da aldeia do Outeiro,

Que o tal ouriço mágico era como o vento,

Não era alcançado pelo olhar do homem,

Todavia conhecia-se pelos seus efeitos.

 

Um dia, um dos forasteiros descrentes,

Estava com os amigos do Outeiro,

Gozando os últimos raios de sol de outubro,

Enquanto apreciavam um café quentinho.

Lá ao fundo do caminho vinha um tal de Zé,

De natural rapaz alegre e desenvolto,

A andar de manso a apertar um dedo da mão,

Com um olhar perdido fora do Mundo.

 

Passou pelo café nem saudou os presentes.

Apertando fortemente o dedo que parecia ferido,

Em direção lá para o fim do caminho,

Onde olhou aparvalhado para uma janela.

Diz com ar matreiro o da aldeia do Outeiro

Para o incrédulo companheiro do sol e café.

– Olha meu amigo, tenho a certeza que ali,

O nosso amigo topou com um ouriço mágico.

– Deixa-te de tretas e de me dar música.

Explica lá como sabes que o Zé topou o ouriço?

– Dois sinais tu os viste, mas não sabes como

Os interpretar. Primeiro apertava bem um dedo

Que lhe causava dor. Outro o olhar aparvalhado.

Agora repara na janela de que nunca tira o olhar.

Com muita atenção olhou e viu fugidiamente

Que na janela apontada estremecia uma cortina.

 

De seguida abre-se uma cancela de onde, escusa,

Surge uma bela moça, Anita, de cabelo ao vento.

O Zé aproxima-se da beldade esperada,

Com timidez toca-lhe levemente na mão.

Como que combinados o Zé solta o dedo.

A mocinha com delicadeza pega no dito

Que o rapaz envergonhado lhe estendia.

Com dedos delicados tirou-lhe do dedo um pico.

 

– Então meu amigo renitentemente incrédulo,

Diz-me o que realmente pensas do que viste.

– Que te hei de dizer. Um acontecimento estranho,

No mínimo, o que se passou. Uma rapariga bela,

Deixa a janela onde estava e vem ao caminho

   Tirar o que parecia um espinho do dedo de uma mão.

– Pois meu amigo digo-te que há magia no ar,

Produzida pelo ouriço mágico da aldeia do Outeiro.

 

Se não acreditas nesta magia do ouriço mágico,

Que sequer o pobre do Zé viu, garanto-te, contudo, que

Sentiu bem sentido o seu efeito. Há meses que ele

Espreitava a Anita atrás da cortina da janela.

Nunca tinha tido coragem de lá parar. Passava lá dia

Atrás de dia, sempre apressado, sem um olhar direto.

Hoje, após a picada do ouriço, foi o que se viu.

O ouriço mágico do Outeiro fez outro casamento.

 

Desenvolvimento

Frase – Ex.: Na aldeia do Outeiro havia um ouriço mágico .

Proceder como nos textos anteriores

Zé Onofre

02
Set22

Histórias para aprender e ler e escrever - Livro I - Iua, a boneca de Maria Rita

Zé Onofre

Iua, a boneca de Ana Rita

Xana.jpg

 

Uma tarde,

Na rua de Entre Casas,

Ia um grande alarido.

 

Debruçado numa janela,

Estava um homem

Com uma cana de pesca na mão.

 

Os vizinhos,

Que conheciam bem o avô João

 – Será que endoideceu?

 

Por detrás do avô João,

Ana Rita gritava,

A Iua Caiu!

 

Mentira, menina Rita!

Gritava Joana, a outra neta.

Foste tu que a atiraste pela Janela.

 

Entretanto, o avô João,

Alheado do alarido à sua volta

Com o anzol pescava a boneca que caiu.

 

E Joana teimosa continuava.

A boneca não caiu foi a Rita  

Que a atirou pela janela.

 

Mas porquê? – pergunta o avô.

Ana Rita quer, porque quer,

Chamar Iua à boneca.

 

Iua, ó Rita, não existe,

Nem para nome de boneca!

Disse-lhe eu e ela ficou irritada.

 

 

Então,

Furiosa atirou com a boneca

Que passou a janela e caiu.

 

O avô gargalhou com vontade.

Uma boneca chamada Iua!

Será que na China existe?

 

Foi assim que naquela tarde

A boneca que não podia ser Iua

Pela janela caiu.

Desenvolvimento

Frase – Ex.: A boneca caiu pela janela porque não podia ser Iua e a Rita atirou-a fora.

Proceder como nos textos anteriores

01
Set22

Histórias para aprender a ler e a escrever - Livro I - A princesa Eunice

Zé Onofre

A princesa Eunice

APRINCESA EUNICE.jpg

Manuel, jovem príncipe.

Divertia-se e entristecia-se

Com seus irmãos e companheiros.

 

Num dia,

Sem nada de interessante para fazer

Saiu de passeio a cavalo.

Ia com os seus amigos,

Mas na verdade ia só.

 

Se de repente o caminho acabasse?

Se de repente o cavalo ganhasse asas?

Se de repente aparecesse um dragão?

De pergunta em pergunta

Entrava no mais profundo de uma floresta.

A floresta das bruxas.

A floresta dos lobisomens.

A floresta dos magos.

A floresta dos feiticeiros,

Ora sapos, ou águias,

Ora penedos, ou falcões.

Era a floresta mete medos às crianças.

 

Enquanto sonha com aventuras

De dragões a vomitarem fogo,

Passou o eucalipto da maldição.

Nem se apercebeu que estava só

Mesmo em frente ao belo castelo

Da Terrível feiticeira.

 

Numa das varandas

Uma bela jovem, que olhava o sem fim,

Viu-o e acenou-lhe.

 

Ainda bem que passei o eucalipto da maldição.

Só pode ser a bela Eunice,

Princesa desaparecida,

Que me pede socorro.

Avança num galope furioso

Contra o Castelo.

 

A fúria é paixão breve.

Quando chega aos portões do Castelo,
De onde Eunice lhe acenara,

Já a fúria o abandonara.

Educadamente

Puxa pela corda da sineta.

Abrem-se os portões de par em par.

 

Meio desconfiado,

Meio confiante,

Sobe lanço de escada,

Após lanço de escada,

0nde as portas se abrem e fecham

Misteriosamente.

 

 Está agora frente a uma porta chapeada,

Encerrada com correntes e cadeias.

Pensa arrombar a porta,

Porém, suavemente bate à porta.

 

A voz suave de Eunice.

– Entre a porta está aberta.

_ Estás salva, Eunice!

_ Salva?

O meu gesto foi só um “olá, vem”.

Conta me o que se diz deste castelo?

 

Deve ser tudo mentira.

Os muros não têm espigões.

Os portões não estão armadilhados.

Das janelas não caem azeite a ferver de caldeirões em brasa.

O chão não se abre em fornalhas ardentes.
 

Minha tia desiludida com o mundo,

Recolheu-se no seu castelo.

Deixou-o fechar-se entre as árvores,

Para seu melhor repouso.

Pediu-me que a acompanhasse.

Quando me apetece saio,

Passeio,

E volto.

Aqui sinto-me bem.

 

Então …

 

Tudo mentira

Inventada por cavaleiros

Que ainda vivem na idade média

Que ainda acreditam em dragões

Lança chamas,

Que pensam que as jovens

São frágeis bonecas de porcelana.

 

O jovem Manuel

Foi valentemente delicado,

Fortemente esclarecido,

Decididamente meigo.

Conquistou a princesa Eunice.

 

Desenvolvimento

Frase – Ex.: O jovem Manuel passou o eucalipto da maldição para ver a princesa Eunice.

Proceder como nos textos anteriores