Formiga 21
21
26/11/969
Campo.
Árvores, atrás de árvores e mais árvores.
Por entre a ramagem se avista ela,
Uma torre branca.
Como esta me lembra uma outra.
Por entre as árvores vejo a minha janela,
E o riacho ora manso, ora tumultuoso,
A correr pelos campos verdes.
Por entre a ramagem das árvores a torre.
A saudade da torre cinzenta da minha igreja
Escurece a brancura desta.
O som cavo e martelado do sino da minha torre
Fica mais doce do que o som do sino
Da torre branca que vejo
Para além das árvores.
27/11/969
Sol.
Frio.
A Natureza está certamente enganada,
Ou serei eu?
Agora não é tempo de sol,
Ou sou eu que desejo a chuva?
Sinto que o sol se ri de nós, chuva!
Chuva, por favor,
Não esperes o Verão
Para, então, também tu te rires mim!
Zé Onofre