Formiga 39
39
28/01/970
Alegria,
Ou arremedo dela,
Penso no quarto triste,
Solitária prisão a minha.
A janela breve brecha na solidão,
Deixa-me entrever,
Através do Cinzentismo que me abafa,
A vida crepitante lá fora.
Essa breve visão da vida
Incendeia-me a imaginação,
Faz-me sonhar sonhos impossíveis,
Ver alfazema e rosmanino,
Em chão agreste de cardos.
Que tristeza quando a cortina da noite cai
E olhando para ela vejo apenas um rosto
Que não reconheço.
Lá longe,
Muito para além daquela janela,
Sepultados naquela escuridão,
Há rostos e há caminhos,
Há montes e há fontes,
Há riachos e rios.
Há os amigos e as amigas,
As claras brincadeiras das noites do Verão.