Formiga 42
42
21/2/970
Sem rumo, caminho
Passo atrás de passo.
Magnetizado paro.
Uma criança.
Rota, descalça, feliz
Ri, canta, salta.
Vejo-a a ela ou a mim
Descalço nos montes,
Calções rotos,
Pernas arranhadas de areias e espinhos,
Com grilos em caixas a cantar,
Na poça grande, a fazer que nado?
Regresso aos campos,
A brincar na estrada,
A correr ao vento,
Sacola às costas a voar.
Volto.
Não posso entrar no seu reino,
Não as posso magoar,
Com hipocrisia desfazer-lhes os seus sonhos.
Fico-me de longe a vê-los brincar.
Criança riqueza infinda.
Ser criança toda a vida,
Viver sem preocupações.
Criança
Que segredos não esconde,
Que reinos não descortina,
Que tesouros não se encontram?
Criança viver sem horas nem lugar certo,
Sem saber de ontem nem de amanhã,
Viver a aventura de um sonho,
Voar aos céus,
Irmã dos animais.
Criança
Dar vida às pedras
Das mais banais fazer ricos tesouros.
Criança
Ser o mágico dos mágicos,
Viver num segundo
Toda a magia da vida.
2021/04/20