história para aprender a ler er eswcrever - Livro I - A eira da quinta do Eixo
Na eira da quinta do Eixo
Embora não fosse essa a sua graça
Todos lhe chamavam Teixeira.
O certo é que duma chalaça,
Ficou nome para a vida inteira.
No verão, nas tardes quentes e sem fim,
Ia até à quinta do Eixo, evitando a soalheira,
Sentar-se com os amigos Zindo e Quim
À sombra duma frondosa parreira.
Depois de gozarem a sesta
Levantaram-se para irem emedar
O centeio. Para ele era uma festa,
Para os amigos era só trabalhar.
Quase caíram se não fora a parreira.
Numa corrida louca o boi Amarelo,
O dócil Amarelo, correu para a eira,
Tomou conta dela como seu castelo.
Que ninguém se aproxime dizia
O Toninho. É só uma loucura
Breve. Lá para o fim do dia
Já passou. É coisa de pouca dura.
Ora o nosso amigo Teixeira
Não era paciente para esperar.
Devagar, com trejeitos à maneira,
Com uma panada de erva vai-lha dar.
O amarelo mantem-se espantosamente
Quieto. Cheio de vaidade vai o Teixeira,
Cheio de confiança, convincente,
Chega-se perto do boi no meio da eira.
Os caseiros do Eixo estavam espantados
Pelo que, pela primeira vez ali aconteceria
O Teixeira virava-se com o peito inchado
Pelo que fez e a que ninguém se atreveria.
Em má hora, virar costas ao boi, resolveu.
De raiva, com uma cornada, atira o rapaz pelo ar.
Subiu, subiu parecia que a meta seria o céu.
Um momento suspenso e todos começam a gritar.
Lá vem o rapazito com uma bala direto ao chão.
As pessoas calam-se. O traquina caiu na meda.
Deixa-se escorregar como se fosse um avião,
Que o centeio espalhado na eira aparou na queda.
O Teixeira, como se fosse uma coisa banal
Vira-se para as pessoas e diz com ar fanfarrão.
– Que grande coisa a dos astronautas, afinal.
Com uma cornada fui ao ar, eles vão de foguetão.
Zé Onofre
Desenvolvimento
Frase - Ex,: O Amarelo fugiu para a eira da quinta do Eixo]
Proceder como nos textos anteriores