Histórias para aprender a ler e a escrever - Livrto I - A dália Amarela
A dália amarela
O sol, naquela tarde, estava irresistível,
Ditando imperativamente à gente, sai.
A mãe da Dalila de forma previsível
– Filha, vai buscar a bicicleta, rápido, vai.
Lá vão as duas, rua abaixo até ao Jardim,
Onde a mãe, sentada, viaja pelo livro que lê
Dalila pedala, pedala pelos caminhos sem fim
À descoberta de algo novo, só não sabe o quê.
A mãe embalada na sua viagem-leitura
Esqueceu completamente onde estava.
A Dalila continua a pedalar, inocente e pura,
Até que de repente para. Alguém a chamava.
Olhou para a direita, para a esquerda ninguém.
Olhou para trás. Nem sombra de pessoa.
Contudo, a voz fazia-se ouvir muito bem.
– Não procures longe, segue a voz que soa.
Acreditou. No jardim uma dália amarela
Sorria-lhe com quantas pétalas tinha.
Suavemente roçou a uma folha na mão dela.
Dalila seguiu-a como se a dália fosse a mãezinha.
Começou a contar baixinho um, dois, … até dez.
Pararam num local que Dalila achou belo e estranho.
Olhou, nem bicicleta nem mãe, nada. Olhou outra vez.
Apenas o lago estava ali, mas já não era sujo castanho.
Sob a água agora clara e transparente,
Passeavam peixes de barbatanas dadas.
As árvores reverdeceram. A relva esplendidamente
Verde refletia as flores de cores renovadas.
De mão dada com a dália amarela via assim
Que aquele lugar onde agora estava só em sonho
Poderia existir. Aquele não era o seu jardim.
Como aquele só num mundo alegre e risonho.
Voltou à realidade do jardim de todos os dias
Ao chamado da mãe que a trouxe à realidade.
Vamos Dalila. Gostava de saber por que sorrias?
É uma pena termos de ir, porém é a verdade.
Zé Onofre