Por aqui e por ali 135
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015/01/03
Meu sonho de Tâmega,
A desaguar no Mississípi,
De águas salgadas cavalgantes,
Mortas nestas margens verdes
Do Tâmega cada vez mais pequeno
E cada vez mais longínquo.
Meu sonho de calcorreador de mundos,
De planícies e de montanhas,
De nascentes e de fontes,
Soterrado nas margens desta estrada,
Que com os meus olhos alcanço,
Do alto deste monte
Cada vez mais pequeno,
Cada vez mais longe.
Meu sonho de guerreiro,
Che Guevara de novas Cuba
Morto na curva de uma estrada
A vigiar fantasmas
Que com astúcia e crueldade,
Nos empurraram lá para trás
Para os escombros do passado.
Meu sonho de mudar o mundo
Com a palavra, o sonho e a magia.
Meu sonho de ser Luzeiro,
Ser Freinet destes tempos,
Ser Brecht de novos palcos,
Ser profeta de novos mundos,
Caídos de inanição na margem da vida.
Meus sonhos,
Que azar o vosso
Serdes sonhados por mim.
Zé Onofre