Por aqui e por ali 142
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017/02/28
Conseguistes tirar-me o sossego
Que não o “criticar”.
Conseguistes pôr-me a pensar
No que fui,
No que sou,
No que virei a ser.
Tudo o que fiz.
Tudo o que faço.
Nada trouxe,
Nada traz,
Que modifique a dolorosa realidade
Que vivemos.
Que adianta gritar ao vento,
Sou o que sou?
Que adianta gritar ao vento,
Igualdade, liberdade, fraternidade?
Que adianta gritar ao vento,
De cada um segundo as suas capacidades,
A cada um segundo as suas necessidades?
Que adianta gritar ao vento,
Amai-vos como eu vos amei?
Que adianta gritar ao vento,
Necessário, necessário,
Estritamente o necessário,
O extraordinário é demais?
Todos estes utopistas foram vencidos,
Inexoravelmente vencidos.
Um na Cruz,
Outros por aqueles,
Que os esmagaram sob muros,
Muros que construíram com mentiras.
Uns guilhotinaram impassivelmente
A Liberdade,
A igualdade,
A fraternidade.
Que força pode ter
Um pobre urso,
Fantasia animada,
Que desaparece com a luz?
Que me adianta, num mundo assim,
Gritar ao vento e ao mar,
Ao sol, às estrelas e à lua,
Sou o que sou?
Zé Onofre