Por aqui e por ali 97
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996/05/12
I
Quando, de repente,
O último gesto for feito,
Apenas se ouvirá o silêncio.
Um silêncio nosso,
Que o vento há de soprar,
O mar bramir,
E as estrelas continuarem.
Seremos, então,
Poeira cósmica,
Frio interestelar,
Pó no vento,
Gota de água no mar.
Que o vento há de soprar,
Depois do último gesto se executar.
II
Quando a loucura
Se desatar em chamas
E a razão for vencida pelo medo,
Apenas teremos tempo de abrir
E já não voltar a fechar os olhos.
Quando a loucura chegar
Diremos apenas o som do ar.
Zé Onofre