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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

01
Jul21

Souto 3

Zé Onofre

3

16/03/972

 Quis um dia

Fazer versos rimados,

Aos molhos espalhados,

De amor,

De melancolia.

Apenas vocábulos estragados,

De amores falhados,

A minha mão escrevia.

Um dia,

Num caderno esfarrapado,

Foi encontrado de amor

Uma elegia.

Que pavor!

Aquela versalhada pífia,

Tinha sido por mim desenhada

Naquelas folhas rasgadas.

Que loucura!

Amor em poesia…

Que fartura de palavras ridículas.

Porém, palavras ridículas

De amor

Que criatura,

Com o despertar dos quinze anos,

Não escreveria?

Que rimas banais,

Nada originais,

Apenas as usuais

Em poemas dos quinze anos.

Que estatura,

Que figura,

Que olhos castanhos,

Que cabelos tamanhos,

Que pernas bem torneadas,

Que braços bem desenhados!

Palavras, apenas palavras,

Que continuam a desenhar traços.

Os peitos?

Mais que perfeitos.

A boca?

Pequena e mimosa.

Os lábios?

“Cereja vermelha”.

Toda ela,

Dos longos cabelos,

Aos pequenos pés ,

Formosa

Zé Onofre