Souto 3
3
16/03/972
Quis um dia
Fazer versos rimados,
Aos molhos espalhados,
De amor,
De melancolia.
Apenas vocábulos estragados,
De amores falhados,
A minha mão escrevia.
Um dia,
Num caderno esfarrapado,
Foi encontrado de amor
Uma elegia.
Que pavor!
Aquela versalhada pífia,
Tinha sido por mim desenhada
Naquelas folhas rasgadas.
Que loucura!
Amor em poesia…
Que fartura de palavras ridículas.
Porém, palavras ridículas
De amor
Que criatura,
Com o despertar dos quinze anos,
Não escreveria?
Que rimas banais,
Nada originais,
Apenas as usuais
Em poemas dos quinze anos.
Que estatura,
Que figura,
Que olhos castanhos,
Que cabelos tamanhos,
Que pernas bem torneadas,
Que braços bem desenhados!
Palavras, apenas palavras,
Que continuam a desenhar traços.
Os peitos?
Mais que perfeitos.
A boca?
Pequena e mimosa.
Os lábios?
“Cereja vermelha”.
Toda ela,
Dos longos cabelos,
Aos pequenos pés ,
Formosa
Zé Onofre