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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

13
Mai23

Comentário 316

Zé Onofre

                  316 

 

023/05/13

 

Sobre  Assim sou eu, por Ana Mestre em 20.04.23, no blog https://sopalavrasminhas.blogs.sapo.pt/

 

Quero viver.

Que me importa

Navegar em águas tranquilas,

Navegar na ficção

De um “Barco do Amor”?

Só ali o mar ondula suavemente

Como se fosse uma seara ao vento.

 

Quero viver.

Lutar contra ventos e marés,

Descer rios bravios,

Desbravar caminhos

Nunca caminhados

Chegar a finais

Nunca imaginados

 

Quero viver.

Que me importa o remanso

Duns chinelos,

De uma barriguinha

Sentado num sofá frente à televisão?

Ali mostram-nos uma vida

Pintada a gosto de quem manda.

 

Quero viver.

Ser eu a enfrentar a tela da vida,

Pintá-la com as cores preferidas,

Com as mãos, ou os pés,

Usando pincéis, ou rolos.

Não quero ser Picasso,

Quero apenas ser eu.

 

Se esta inquietude me abandonar,

O coração poderá bater,

Poderei continuar a respirar.

Serei apenas um robô

Convencido que vive,

Mas que na verdade

Apenas está a vegetar.

  Zé Onofre

17
Set22

Histórias para aprender a ler e escrever - Livro I - A presa

Zé Onofre

A Presa

A PRESA.jpg

Num local afastado no meio da floresta,

Há uma casa, a Casa da floresta.

A casa onde vivia o pai, Paulo,

A mãe, Ana Rita

E um filho tardio, Pedro, ladino e rabino,

Alegria e cuidados dos pais.

 

O prazer do Pedro …

(Esquecia-me de falar do cavalito)

Era cavalgar no Ruço pela floresta.

Corria os caminhos que a cruzavam,

Até onde deixava de ser floresta

E se transformava em mata.

 

Ia-se mais longe por um só caminho,

Serpenteante por entre as sombras das árvores.

O mato era mais denso, escondia perigos

Que a mãe exagerava até ao infinito.

Por medo próprio e como freio para o filho.

Por respeito, ou por medo, regressava.

 

Há um momento em que a tentação,

De ultrapassar o proibido vence o medo.

A atração pelo abismo é irresistível.

Assim um dia, “seja o que Deus quiser”.

Pedro, chegou ali, fechou os olhos,

Entrou mata dentro num galope louco.

 

Parou numa clareira soalheira

Onde uma lagoa refletia o sol, e o céu,

No espelho líquido das suas águas,

Da cor de que a luz e o tempo as pintavam.

Desmontou. O Ruço pastava a erva

Sentou-se frente à lagoa. Viu o mar.

 

As nuvens refletidas já não eram nuvens,

Eram gaivotas, rochedos, barcos a sair e a entrar.

A pequena ondulação provocada pela aragem

Era agora uma ondulação forte, 

Deleitosa a lavar com a sua espuma salgada

Os seus pés nus que iam pela areia molhada.

A tarde ia escurecendo e em casa a mãe

Olhava aflita o relógio e o horizonte humedecia.

O pai Paulo chegou e esperou de braços abertos

O salto do filho para o seu colo e … nada.

Deu um beijo à mulher e com os olhos interrogou-a

E a mãe respondeu soltando as lágrimas retidas.

 

No seu cavalo branco, cabelo ao vento,

Em cavalgada desesperada encontra o filho

Estátua humana fitando o infinito na água da lagoa.

Torna-o á vida. Vão no seu cavalo com o Ruço atrás.

À janela, a mãe inquieta vê-os vir e sorri.

O menino abraça-a e diz – Ó mão era tão lindo!

 

Desenvolvimento 

 

  1. Leitura em voz alta e clara do texto, como se fosse contado.
  2. Leitura do texto, em voz alta e clara, com respostas a perguntas sobre o sentido de algumas palavras.
  3. Dramatização do texto.
  4. Contar por desenho/pintura o texto.
  5. Recontar o texto.
  6. Dizer frases sobre o texto.
  7. As frases ditas vão sendo escritas no quadro.
  8. Leem todas as frases coletivamente.
  9. Cada um tenta identificar a frase que disse.
  10. Escolhem uma das frases.
  11. Na mesa escrevem a frase sem copiar – leem a frase, tapam a palavra (as palavras a escrever) depois de as terem observado bem.
  12. Na frase escolhida destacam-se duas palavras.

O pai levou o Pedro no cavalo.

  1. pai                      Pedro
  2. Dividem as palavras escolhidas em sílabas

pai – pai              Pedro – Pe + dro   

  1. Preenchem o seguinte quadro
  1.  Pe + dro                                     pai

 

                      a|    pa                          

             e|    Pe

              i|    pi  

                      o|     po

                      u|     pu

                    ãe|     pãe                   

                     ai|     pai                

                    ao|     pao                  

                    ão|     pão             

                    au|     pau                         

                     ei|     pei                            

                    eu|     peu                             

                    iu|      piu                         

                    õe|     põe                          

                     oi|     poi 

                    ou|     pou 

                     ui|     pui                          

  1. Com as sílabas formadas escrever novas palavras.
  1. Com as “novas” palavas trabalham com as frases conhecidas.
  2. Com as frases e palavras conhecidas escrevem textos.

    Zé Onofre

12
Mai22

Por aqui e por ali 121

Zé Onofre

121

 

2002/02/11, confeitaria Mário, Amarante

 

Águas correntes,

De mistérios profundos,

Levai-me as lágrimas,

De homem falhado,

Até aos confins do mundo.

 

Mostrai-lhes,

A cada uma por si,

As grandezas do abismo,

Levai-as além do mar

Onde, dizem,

As praias são morenas.

 

Águas correntes do rio,

Espelho movediço do meu olhar,

Cumpri, serenas, o vosso destino

Traçado desde a primeira vez

De, eternamente, correrdes até ao mar .

 

Águas correntes do rio

Não pareis para olhar

Os meus olhos.

 Zé Onofre

27
Dez21

Por aqui e por ali 29

Zé Onofre

               29

 

986/01/06, confeitaria Mário, Amarante

 

Aqui estou,

Mais uma vez,

Tâmega.

 

Aqui estou,

Mais uma vez,

Tâmega

A ouvir os sussurros,

Urros,

Das tuas águas.

 

As tuas águas,

Não são águas,

São sangue.

 

Sangue

Que percorre o meu corpo

Desde criança.

 

Sangue

De homem apaixonado pela tua mensagem.

Mensagem

Que vem do fundo do tempo.

Mensagem

De paz, nas tuas águas.

Mensagem

De vida e beleza.

 

Benditas as tuas águas,

Tâmega,

Que sussurrantes

Lembram contos de reis e de fadas,

Lendas de mouras encantadas,

Sonhos de amor por realizar.

    Zé Onofre

22
Dez21

Por aqui e por ali 27

Zé Onofre

               27

 

985/09/21

 

O sol bate lá fora.

Nas águas calmas de Setembro

A dourada cor.

 

Cá dentro

A voz monótona de uma explicação,

E o riso cristalino da juventude a despertar.

 

De repente o grito da vida

Na alegria feita

De amores pacificados.

 

Hoje

Águas calmas de Setembro

Em Outubro.

Cor dourada de Setembro

Em Outubro.

     Zé Onofre

12
Set21

Penafiel 26

Zé Onofre

             26

 

10/06/976

 

A vida é feita de estranhos lumes,

Claridades e negrumes,

Luz contrastes,

Lâminas e gumes.

A vida é feita de vãs quimeras,

Sonhos e pesadelos,

Adormeceres-despertares,

Invernos e Primaveras.

A vida é um sonho sonhado

Ao acaso num caminho

É criar um passarinho

Numa gaiola sem grades

É correr de águas livres

Num ribeiro sem margens.

A vida é querer ser livre

Entre grades e prisões.

É criar com carinho

O fim das cadeias.

É não ter ilusões

De individuais salvações.

A vida, somos eu e tu,

Cada qual com as suas limitações,

Presos nas mesmas cadeias,

Trazendo nas nossas mãos

A vontade e a certeza

De derrubar todas as prisões.

A vida é feita de estranhos lumes

Claridades e negrumes

Luz e contrastes

Lâminas e gumes.

 Zé Onofre