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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

02
Jun22

Por aqui e por ali 142

Zé Onofre

              142

 

017/02/28

 

Conseguistes tirar-me o sossego

Que não o “criticar”.

Conseguistes pôr-me a pensar

No que fui,

No que sou,

No que virei a ser.

 

Tudo o que fiz.

Tudo o que faço.

Nada trouxe,

Nada traz,

Que modifique a dolorosa realidade

Que vivemos.

 

Que adianta gritar ao vento,

Sou o que sou?

Que adianta gritar ao vento,

Igualdade, liberdade, fraternidade?

Que adianta gritar ao vento,

De cada um segundo as suas capacidades,

A cada um segundo as suas necessidades?

Que adianta gritar ao vento,

Amai-vos como eu vos amei?

Que adianta gritar ao vento,

Necessário, necessário,

Estritamente o necessário,

O extraordinário é demais?

 

Todos estes utopistas foram vencidos,

Inexoravelmente vencidos.

Um na Cruz,

Outros por aqueles,

Que os esmagaram sob muros,

Muros que construíram com mentiras.

 

Uns guilhotinaram impassivelmente

A Liberdade,

A igualdade,

A fraternidade.

Que força pode ter

Um pobre urso,

Fantasia animada,

Que desaparece com a luz?

 

Que me adianta, num mundo assim,

Gritar ao vento e ao mar,

Ao sol, às estrelas e à lua,

Sou o que sou?

  Zé Onofre