Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro II - Ana e a ave
Ana e a ave
Da janela do seu quarto,
Ana
Olha a paisagem
Com colinas e encostas,
Vales e ribeiros,
Que certamente irão até ao mar,
Que fica para lá do horizonte,
No qual se impõe na maior montanha,
Coberta de neve
Que reflete o sol,
O luar e as estrelas.
Não,
A Ana não vive numa aldeia.
Da janela do seu quarto
Vê prédios, atrás de prédios,
Uns mais altos, outros mais baixos,
Presos entre ruas, ruelas,
Praças e avenidas,
Para acabar
Num prédio todo envidraçado
Do solo de onde se ergue
Até roçar as nuvens.
Uma tarde,
Como noutras tantas tardes,
Ana olhava o longe.
Naquela tarde o seu olhar
Encontrou um ponto de interesse.
Era um pequeno ponto
Que se desprendeu lá longe,
Do alto do prédio envidraçado,
E se dirigia para a sua janela.
Agora que estava mais próximo
Identificou aquele ponto
Como uma ave.
Era uma ave para ela desconhecida
Tão diferente das avezinhas
Que conhecia dos parques e jardins da cidade.
A sua cabeça,
Ora branca, ora prateada,
Desprendia-se um arco-íris
Que coloria as suas penas.
Dos olhos fundos e negros
Formaram-se duas lagoas
Que refletiam a ave,
Que se aproximava velozmente,
Ignorante do perigo
Que representava o vidro da janela.
A ave
Chocou violentamente contra o vidro
Caiu como morta no parapeito.
Com cuidado abriu um pouquinho a janela,
Pegou na ave
E as lagoas dos olhos de Ana
Transbordaram sobre a ave
Que recuperou do choque.
Ana bateu palmas,
A ave bateu as asas.
Ana pegou na ave com jeitinho,
Abriu-lhe a janela,
Deu-lhe um beijo na cabeça,
Deixou-a partir.
Agora todas as tardinhas
A ave vinha visitar a Ana.
Zé Onofre