Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro II - Aurélio na Terra do avô
Aurélio na terra do avô
Aurélio viajava, e não era pela primeira vez,
Para a aldeia onde viviam o avô e a avó.
Lembrava-se que os visitava, talvez, umas três
Alturas por ano. Esta não era uma visita só.
Hoje dirigia-se para a Terra natal do pai,
Não para fazer mais uma visita familiar
Como as que fazia nas festas e férias. Vai
Porque está doente para tentar repousar.
Uma dessas ocasiões ocorria no Verão.
As estradas que tinham, sem exagerar,
Mais curvas que quilómetros, eram então
Espiche, buracos e terra, pareciam não acabar.
Saíam de manhã cedo antes de nascer o sol.
A viagem começava com o carro voando
Porém, depressa rolavam a passo de caracol.
Quando chegavam já a noite ia entrando.
A ida por velhos caminhos será menos demorada.
Ainda será, mesmo assim, longa para recordar
Os primos, as primas e os amigos. A tratantada
Começava de manhã cedo e ia até o dia acabar.
As tardes de verão no rio eram de encantar.
Nadar, saltar de pontos altos para a água, subir
E descer o rio no barco a remar e a cantar.
A última automotora dizia a hora de partir.
O monte tinha sempre algo para ofertar.
Na primavera o rosmaninho, o tapete pascal.
Pela senhora da Graça as pinhas para queimar.
No inverno, o musgo para o presépio de Natal.
Nestas andanças com os primos desde a aurora
À noite, de qualquer lugar fosse ele alto ou fundo,
Estava a linha por onde serpenteava a automotora.
Na automotora, sonhava Aurélio, correria o mundo.
Parecia que o pai tinha o dom de adivinhar
Os mais loucos sonhos que Aurélio tinha.
Um dia foram todos para a estação esperar
A automotora para viajarem até ao fim da linha.
O pai, na viagem de volta, levou-o ao motorista
Que o convidou a entrar e permitiu-lhe tocar
A buzina. Aurélio mostrou-se um hábil artista.
A automotora veio em festa até a viagem acabar.
Zé Onofre