Penafiel 4
4
04/12/76
Vê o sol lá fora,
Nos verdes,
Nos azuis.
Vê
O sol brilha
E tu fechado
Não percebes?
É o sol
Que dá a vida.
Vem,
Sai…
Zé Onofre
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4
04/12/76
Vê o sol lá fora,
Nos verdes,
Nos azuis.
Vê
O sol brilha
E tu fechado
Não percebes?
É o sol
Que dá a vida.
Vem,
Sai…
Zé Onofre
32
29/04/975
Os dias cinzentos e chuvosos
Ficaram ternos e saudosos,
Melancólicos.
As recordações entram de mansinho.
De repente os olhos
Enchem-se de vida, de brilhos
Que iluminam o presente.
Aqui, sentado a esta janela,
Ténue fronteira
Entre o ontem e o hoje.
Escorre dela os belos dias de criança.
Dias sempre azuis,
Nem que o céu cinzento negro,
Despejasse águas a cântaros,
Ou enchesse a vida
Com raios e trovões,
Eram sempre azuis.
Eram azuis quando rolávamos
Verdes nos campos.
Eram azuis, quando rindo,
Tentávamos um beijo do nosso amor.
Eram azuis
As caras dos amigos
Os brinquedos que inventávamos.
Eram azuis
As tardes longas de sol
Era azul,
O sol que se derramava em nós.
Eram azuis
As águas corredias nos regos e riachos.
Era azul
O ralho da mãe
- Se adoeceres
Nem um copo de água te levo à cama. –
Azul,
Aquela nossa vida
Saltar de rego em rego,
Construir enormes barragens,
Lagoas como mares,
Pontes, as maiores do mundo
(Três pedras,
Varas caídas da poda
E o cimento, lama)
Obra-prima da engenharia.
Azul
Era o tempo, em que enleados,
Admirávamos a obra feita.
Azuis
Eram os sorrisos felizes
Estampados no rosto,
E desfaziam em pó
Os ralhos ternos da mãe.
Azul,
Embora esbatido,
É esta melancolia
De espreitar a infância
Pela frincha do tempo.
Azul,
Embora esbatido,
É espreitar os campos,
Ainda cheios de vida,
Agora abandonados
À incúria dos tempos.
Vieram os anos,
Olho para dentro de mim
Onde ontem,
Vejo azuis ossos encharcados.
Hoje,
Apenas ossos pesados.
Vieram os anos,
Olho para dentro de mim.
Onde ontem,
Há sombras azuis de amores,
Olhos azuis que eram azuis,
E azuis continuam,
Apesar das lágrimas
Que hoje
Teimam em diluí-los.
Nesse azul claro
Uma nova onda nascerá
Sem angústia,
Sem desespero da loucura
Da vã procura.
Nas ruas da solidão
Estará o azul
À minha espera.
Zé Onofre