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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

06
Fev23

Rebusco 19

Zé Onofre

               19

 

092/07/08, Porto

 

Por vezes

Há silêncios bonitos

Que enchem o mundo de magia.

Também há escuros

Que iluminam este mundo de fantasia.

 

Para quê

Então inventar palavras

E holofotes?

Para quê aplausos

E luzes da ribalta?

 

É tão bom ser pequenino,

Estar no quente do ninho.

É tão bom ser apenas

Aquilo que se quer.

Não ser mais, nem menos.

Não desejar um pouco mais de azul,

Nem um pouco mais de nada.

 

Ser.

Sem pressas, sem coações.

Ser, ser, ser …

Ser sem ilusões.

Ser horizonte plano,

Sem limites.

 

Ser

Em comunhão

Com a alma da Natureza.

Sem pressa

Ao ritmo da vida,

Ao ritmo do sonho.

    Zé Onofre

30
Ago21

Penafiel 8

Zé Onofre

          8

 07/11/977

 O silêncio encolhe tanto as pessoas que chega a encolher o pensamento

A pedagogia do ovo estrelado? Nem isso, caro director, é a pedagogia do come e calas.

Responsabilizar o aluno pelo trabalho, pressupõe uma escola em que o aluno é sujeito activo e não um agente passivo.

O que hoje é bom, amanhã será diferente – Só a verdade é revolucionária (Lenine) – Penso que não há boa, nem má moralidade. Há uma percepção do real e que expondo-a corre-se sempre o risco de amanhã não ser verdadeira. Porém dizer hoje, a percepção de hoje é amor à vida.

“Quem não trabalha, não come” – Vitória (suposto) professor de metodologia. – Ó Vitória, ainda um dia, vais morrer de fome.

“O homem distingue-se da animalidade pela fantasia.” Ó Vitória, tu não és homem.

Condenar a formiga, ou a cigarra, é continuar com a oposição trabalho manual/intelectual.

Alegria é uma dádiva que recebemos de uns e devemos dar aos outros.

Escreve-se para… mas, principalmente porque …

20
Ago21

Souto 38 (Encontros, fantasias, ilusões e enganos)

Zé Onofre

                   38

                   3

Já não há cantares passeios,

Já não há vossa companhia,

Já não há os ternos enleios,

Já não há na noite alegria.

 

Recordando procuramos ver,

Na alegria que nos deste,

Se no fundo do nosso ser

Há algo, ainda, que reste.

Com mágoa forçados a dizer,

Zé, São e Céu, verdade agreste:

Já não há cantares passeios.

 

Há ainda uma ilusão que alumia

A vida que agora triste é.

A alma vive-a e cria-a

E acarinha-a com fé.

Sabendo tudo fantasia

Acordando dizemos: Zé

Já não há a tua companhia

 

Criada com grande receio

A ilusão, que em nós nasceu,

Tem a saudade como esteio.

Quando dizemos “não morreu”

Um frio corta-nos a meio.

É com dó que dizemos: Céu

Já não há os ternos enleios.

 

Que venha o vento, desolação,

Que venha dor à porfia.

Se perdemos toda a alegria

Não importa a solidão.

E entre as trevas, à revelia,

Se ouve um último grito: São

Já não há na noite alegria!

   Zé Onofre

 

 

 

 

 

19
Ago21

Souto 38 (Encontros, fantasias, ilusões e enganos)

Zé Onofre

SET/975

                2

Que morra nosso coração,

Que morra a fantasia!

Morreu o fogo que acendia

A nossa imaginação.

 

Se por entre a luz da recordação

Lembramos aqueles poucos dias

E pensamos naquelas alegrias

Mais triste se torna a separação.

 

E, então, ao acaso na rua

Por entre tristezas, ralação

O nosso olhar procura,

 

Em cada sombra, a bênção

Das vossas esbeltas figuras

Adoráveis, Zé, Céu e São.

    Zé Onofre

15
Ago21

Souto 11

Zé Onofre

              35

20/05/975

Conto de Natal

Conto com tantos anos sem conta,

Conto de anos que vieram antes de nós.

Conto de sonhos antigos,

Conto de tantas alegrias já idas.

Conto de muitos dias, num dia.

Conto de muitas alegrias, nas alegrias de hoje.

Conto de gente a sorrir desde sempre.

Conto de um menino a nascer há dois mil anos.

Conto de um canto de presépios diferentes e iguais.

Conto de alegrias todos os anos repetidas.

Conto de uma cortina que cai e tudo esconde.

Conto de uma cortina que apaga aquele dia singelo.

Conto de uma cortina que apaga a mudança que não houve.

Conto de uma cortina que apaga aquele momento doce.

Conto de uma insistência igual, todos anos.

Conto em que vivemos um conto de fantasia.

   Zé Onofre