Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

25
Mar23

Comentários 309

Zé Onofre

                  309 

 

023/03/21

 

Sobre “E foi assim...há 30 anos!” por Isabel Silva, em 2023/03/17 no blog  https://imsilva.blogs.sapo.pt/

 

Quanto é belo dar vida ao futuro.

Iniciá-lo a partir das nossas entranhas.

Um novo futuro que nos faz sorrir.

Um futuro que exige a nossa proteção.

 

Um dia esse futuro ganhará asas,

Partirá para construir novo futuro

E quem o futuro lhe iniciou,

Limitar-se-á a vê-lo voar

Com o mesmo sorriso

Com que o fez chegar.

    Zé Onofre

02
Mar23

Dia de hoje 89 Canto triste XV

Zé Onofre

                89

 

 023/03/01

 

Canto triste XV

 

Só uma palavra, apenas uma frase,

Só um pranto de molhada dolência,

Tudo maré vazante sem espanto.

 

Outra vez Zeca, Adriano,

Santareno e Redol,

Que nosso sonho ficou longe

E o presente de apagado farol.

 

Que venha o sol, novo amanhecer,

Mais um canto desesperado,

Por todos os filhos a haver.

 

Oh, volta Zeca, Adriano,

Santana e Redol.

A nossa utopia ficou longe,

E o futuro sem farol.

 

Choro este silêncio desesperante

Que faz da tristeza sozinha

Uma tristeza gigante.

 

Regressemos a Zeca, Adriano,

Santareno e Redol.

O futuro cada vez mais longe

E a perder-se a luz do farol.

   Zé Onofre

16
Fev23

Rebusco 22

Zé Onofre

                   22

 

092//07/08, Porto

 

 Se aqui estou,

É porque sou inquieto

Em movimento.

Pelo menos,

Atento ao movimento dos outros.

           

Se aqui estou

É porque tenho um passado

De procurar

Um rumo de futuro.

 

Se aqui estou

É porque sentia

Que o que tinha

Já era pouco.

 

Se aqui fico

É certamente

Porque continuo à procura

De um rumo,

De um futuro melhor para mim,

Para as crianças que me são confiadas.

 

Se, por acaso,

Um dia partir,

De certeza não será desistência,

É porque tentarei

Chegar mais além.

 

Se, por acaso,

Um dia partir,

É porque acredito

Que não há um só caminho,

Uma só verdade,

Uma só vida.

   Zé Onofre

12
Fev23

Que viva Spartacus 37

Zé Onofre

               37

 

023/02/12

 

Sei que sou uma minora

Que acha qualquer voto inútil,

Não o consigo ver,

Seja ele de que intenção for,

Como alteração da natureza do poder.

  

Sei que sou uma minora

Que sabe e sente,

Que seja qual for o voto

Isso determine o futuro da gente.

 

Sei que sou uma minoria

Que entende que da farsa eleitoral,

A que somos chamados a caucionar,

Apenas resultará uma tropa de carrascos

Diretamente do voto popular

Ou, muito esporadicamente,

De uma maioria Parlamentar.

 

Sei que sou uma minora

Que vê para além,  

Do “Manto diáfano da fantasia”,

O sistema monstruoso que nos escraviza

Com “tacão de ferro”

E o usa como teatro de sombras.

 

Sei que sou uma minora

Que não teme nomear

As máscaras e as roupagens

Que o malfadado sistema usa

Para nos escravizar.

 

Sei que sou uma minora

Que vê uma mascarada

Nos chamados estados Democratas,

Democratas liberais

E sob outras denominações estilistas

Até aos ditos estados,

De todos aparentemente aborrecidos,

Nazi Fascistas.

 

Sei que sou uma minora

Que vê que os chamados Estados Democratas

Nos apresentam os carrascos

Vestidos com variadas roupagens,

De padrão Socialismo Democrático,

Padrão mais refinado, Social-democrata,

Ou com o discreto Democrata-cristão.

Todas eles, contudo, sorridentes e galantes

Que nos louvam o Sistema Padrão.

 

Sei que sou uma minora

Que vê os Estados Democrata liberais,

Que o Sistema desencanta

Quando os carrascos social sorridentes

Se confundem num só padrão

E são desacreditados pelas gentes.

Vestem-nos então com padrões,

Mais sérios, nada ridentes,

Social-democracia e Democracia Social

Ornados à Grande Centrão,

A cinzentona liberal Direita Conservadora,

E o lúgubre, obsceno, Pró-fascista.

 

Sei que sou uma minora

Que vê na caminhada neoliberalista,

E nos pró-fascistas que a apoiam,

Um acrescento de racismo,

De discurso nacionalista-xenófobo

Uma ameaça aos discordantes

Apontando-lhes para além do longe

As prisões e os Tarrafais

Que se perfilam no Horizonte.

 

Sei que sou uma minora

Que vê a caramunha e o mal

Onde a maioria

Só alcança a ordem natural.

Que vê um Sistema,  

Para cada momento,

Usar o seu carrasco apropriado

Para manter o seu poder intocado.

 

Sei que sou uma minora

Que vê um Sistema cruel

Que mostra qual a substância

Que lhe mantém o metabolismo

É verdadeiramente o Canibalismo.

Um sistema cuja verdadeira cultura,

Embora lhe mostre repugnância,

É uma vil, escondida ditadura,

Que se mostra em todo o esplendor

Quando usa o carrasco do nazi-fascismo.

     Zé Onofre

13
Dez22

Comentário 302

Zé Onofre

                  312  

 

022/12/13

 

Sobre Banalidades em  desabafos (sapo.pt), Romi, em 022/11/21

 

Andamos numa roda-viva,

Cheios de pressa como a lebre,

Vindos de algures,

Indo para nenhures,

Procurando não sabemos o quê,

Nem para que fim.

 

Autênticos maratonistas,

Carregando tralhas

Que nos são importantes,

Nunca nos interrogando

O por quê da sua utilidade.

 

Parecemos esquilos

A acumular avelãs.

Vivemos para um futuro

Enquanto esquecemos o presente,

Que é o que temos,

Adiando-o

Para um futuro incerto.

 

Regressamos de nenhures

Voltamos a algures.

Entramos numa casa,

Atirámo-nos exaustos

Para um repouso

Refazer forças para no dia seguinte

Repetir todos os outros dias

Zé Onofre

30
Out22

Canto triste I

Zé Onofre

   Canto triste I

 

022/10/10

 

Pergunto aos jovens cantores

Que me dizem sobre o meu país?

Só os ouço em cantigas de amores

Uns são tristes, um outro quase feliz.

 

Mas sentados à mesa do café

Ouvem-se sussurros de desilusão.

Mas estes sussurros, saiba-se lá porquê,

Não são tema nem para uma canção.

 

Parece que os dias tristes trazem

Um amargo de boca aos cantores.

Será que quem futuro não tem

Merece só canções de frívolos amores?

    Zé Onofre

10
Jun22

Por aqui e por ali 147

Zé Onofre

                  147

 

019/04/23, Amarante

 

Todos os anos risadas aladas                       

Esvoaçam por ruas, praças e vielas,

Levando saudades de alegria

Às sombras vivas, que cosidos

Com paredes e esquinas, se esgueiram da vida.

 

Todos os anos risadas francas,

Em desregrada alegria abrem

Nas paredes e nas sombras do passado

Caminhos floridos rumo ao futuro.

 

Nos bancos dos jardins despertam

Em velhos corações amarrotados pela vida.

Sonhos arduamente esquecidos no ontem

Que prometeu, e não trouxe, um mundo novo.

  Zé Onofre

28
Abr22

Por aqui e por ali 107

Zé Onofre

               127

 

__/07/__, Penafiel, festa de fim de curso do Magistério de Penafiel

 

Hoje estais em festa.

Pensais que chegastes ao fim

E apenas iniciais o caminho.

 

Amanhã tereis a alegria

Que construirdes.

E parece tão fácil construir a alegria.

 

Encontrareis o perigo

Em cada esquina.

A cada passo tropeçareis

Com o futuro sem saberdes.

Tentareis o equilíbrio e avançareis

Sem terdes coragem de o enfrentardes.

 

Se tiverdes ainda coragem de parar,

De atrás voltardes

E vos restar força para recomeçar,

A alegria será vossa

E em cada dia inaugurareis

Um novo caminho.

  Zé Onofre