Dia de Hoje 77 - Canto triste XIII
77
Canto triste XIII
022/11/28
Andaremos nas ruas novamente
De olhos sorridentes, cara lavada,
De cabeça livre, mente libertada
Da dúvida que atormenta a gente.
Será que nos iludimos com a luz,
Que de repente apagou a escuridão,
Cadeado que nos prendia ao chão,
E vimos ali a redenção da cruz?
Afinal iludimo-nos e não pouco,
A revolução há tanto querida,
Acabava morta numa flor erguida
No cano de uma arma por um louco.
Banalizaram as nossas canções,
Repetiram-nas como divertimento
Retiraram-lhes todo o fermento
Que cantariam novas revoluções.
Os jovens, agora, já não usam a rua
Como o faziam seus pais, tios e avós
Convivem nas tecnologias estando sós.
Desconhecem o poder de conspirar à lua.
É pedir muito que as praças novamente
Se encham de revoltas canções de futuro
Que evitem que este se torne no duro
Passado dos ditadores de antigamente?
Partilhemos as ruas novamente
Com canções da revolução adiada,
Que tem de ser do chão levantada.
Cantemos, de novo, que a luta é urgente.
Zé Onofre