Por aqui e por ali 26
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985/03/28, Marco, acção de formação sobre bibliotecas
I
Ah,
Se o mundo
Fosse apenas a solidão.
Ah,
Se fosse apenas.
II
Palavras,
Pedras nuas
À espera de carinho.
Palavras,
Arestas,
Gumes,
Sequiosas de sangue
Que as reguem.
Palavras,
Mãos nuas estendidas
À espera da esmola,
Do bulício …
Ou do silêncio apenas.
III
Aqui ou ali, ontem ou amanhã, ou mesmo hoje Ivo estará sempre só.
E não só Ivo, como todos os Ivo deste mundo. Mesmo aqueles que não foram à guerra, mas são geradores de guerras.
Mesmo aqueles que medindo a distância em metros, apenas pensam em alcances de mísseis.
Mesmo aqueles que não sendo mutilados pensam o mundo sem onténs, ou amanhãs, mas no tempo eterno de uma explosão de neutrões.
Todos se sentirão sós por não se terem interrogado, antes de agir – que direito tenho eu de premir o gatilho, ou o botão? – e, mais ainda, quando nem um hipotético pastor houver para lhes perguntarem – quem são vocês?
E os outros, nós sós estamos por não fazermos a pergunta agora, enquanto há tempo e não eternidade.
Zé Onofre