Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro I - Joana
Joana
Aquele dia amanhecera diferente.
Joana acordara
Antes do beijo
Da mãe, seu doce despertador.
Contudo,
Deixou-se ficar no quente
À espera da carícia matinal
Da mãe.
O tempo passava,
A mãe demorava
Joana enrolava-se
E virava-se na cama.
Cansada de esperar
Ouviu-se a chamar
- Mãe, ó mãe, mãe!
O silêncio como resposta.
Estendeu a mão
Pegou no livro,
Para logo de seguida o pousar,
Não eram horas de ler.
Ergueu-se,
Foi até à janela,
Que limpou
Do embaciado da noite.
Desligada de tudo
Lentamente apercebeu-se
Da vida lá fora.
Pessoas que compassadamente
Iam e vinham
Um automóvel solitário
E a fechar o cortejo
O roncar de uma motorizada,
Uma Pachancho de certeza.
A janela precisou
De ser limpo mais uma vez.
Joana olhou mais longe.
O ribeirito era um mar.
A espuma escorria nas vidraças
Enquanto as ondas
Batiam lá em baixo
Nas paredes da casa.
Parado,
A um braço da janela
Um veleiro
Com velas de luar.
Joana esfregou os olhos.
Encostou de novo o nariz à janela.
O campo verde
Era agora uma pradaria.
Cavalos selvagens
Corriam como vento,
Numa manhã suave de Abril
Enquanto as éguas, maternais,
Deixavam os potros mamar.
Joana,
Encantada com o que via,
Esfregou os olhos,
Certamente estava a delirar.
E a mãe que tanto se demorava.
Encostou o nariz à janela.
O que era aquilo.
Que acontecera ao sobreiro grande?
Lá, onde ele estivera,
Descolavam e aterravam aviões.
Sombras apressadas
Entravam para longas viagens,
Ou chegavam de longas paragens.
Enfim veio a mãe da Joana.
A magia da janela terminou.
Joana desejou
Que todas as manhãs futuras
Fossem como aquele amanhecer.
Pela janela do seu quarto
Ver paisagens de enlouquecer.
Zé Onofre