Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro II - O colar de oiro
O colar de oiro
Oitavo,
Que nome arrevesado,
Diziam-lhe os amigos.
Onde o foste achar?
Sei lá,
Sou Oitavo,
Ponto.
Era mesmo resposta à Oitavo,
Resolvido,
Decidido.
Sempre pronto para a brincadeira,
Levar a vida com afinco,
Ou entrar na maior asneira.
Bom filho,
Bom amigo,
Bom companheiro,
Digo mais?
Digo.
Tanto se dava bem na algazarra,
Como na quietude da Igreja.
Na correria dos recreios,
Campos,
Nas encostas dos outeiros,
Como sentado frente ao computador,
A estudar com um ar sério,
Ou a jogar
Jogos de aventura e mistério
Ora uma tarde,
Estava tão concentrado,
Tão quieto,
Tão calado
Que já nem ele sabia
Onde se encontrava.
Se estava a jogar
“O colar de oiro”
Ou se era, um outro alguém,
Que jogava
“Oitavo e o colar de oiro”.
Neste momento
Está tão em pânico.
Ideia mais maluca aquela,
De se meter na aventura
De ir procurar
Na Clareira da Floresta
O colar de oiro.
Quem o faria
Sabendo os perigos,
Que no bosque havia?
Crocitavam os corvos
No alto das copas mais altas.
Rastejavam as serpentes,
Pelo musgo,
Fintando os arbustos florescentes.
Raposas seguiam-lhe os passos,
Lobos uivavam ao longe.
Insetos desenhavam traços,
Nos seus olhos, cegavam-no.
Outros, trombeteavam-lhe
Deixando os seus ouvidos
Surdos,
Em sangue feridos,
Assim, neste pânico,
Cai na Clareira da Floresta,
Onde dizem havia
Um colar de oiro,
Numa fenda desconhecida,
Que tinha como guardiões,
Dizia quem já lá tinha ido,
Muitos e ferozes escorpiões.
Nos seus olhos
Como tela de um filme
Corre uma legenda sonora,
Coisa estranha de se ver,
De tal modo que não sabia
Se estava a ler,
Ou simplesmente ouvia.
Oitavo, Oitavo,
Presta atenção.
O vento norte vai soprar forte,
Pondo à tua frente uma folha
Fugidia
Que te levará ao Colar de oiro
Como tua guia.
Oitavo assim procedeu
Encontrou a bendita fenda
Com a pressa esqueceu
Que lá dentro havia
Terríveis escorpiões.
Meteu a mão
Tirou-a aos sacalões
Como se a dita
Tivesse vida própria.
Oitavo sente
O colar de oiro
Que lhe desliza pelas mãos.
Vai a cair,
Segura-o com a outra mão.
Não seria agora,
Que com perigo o tinha encontrado
O iria deixar para outro
Na clareira abandonado.
Estava neste agarra
Deixa cair
Ouve-se um estalo.
Ao terrível estrondo
Segue-se um abalo.
A clareira desapareceu
Oitavo estava sentado
Frente ao computador.
Da porta uma voz,
Vamos jantar,
O pai que chama.
Foi assim que acabou
A aventura de Oitavo
Em busca de
O colar de oiro.
Zé Onofre