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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

21
Fev23

Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro II - O colar de oiro

Zé Onofre

O colar de oiro

 

Oitavo,

Que nome arrevesado,

Diziam-lhe os amigos.

Onde o foste achar?

Sei lá,

Sou Oitavo,

Ponto.

 

Era mesmo resposta à Oitavo,

Resolvido,

Decidido.

Sempre pronto para a brincadeira,

Levar a vida com afinco,

Ou entrar na maior asneira.

 

Bom filho,

Bom amigo,

Bom companheiro,

Digo mais?

Digo.

 

Tanto se dava bem na algazarra,

Como na quietude da Igreja.

Na correria dos recreios,

Campos,

Nas encostas dos outeiros,

Como sentado frente ao computador,

A estudar com um ar sério,

Ou a jogar

Jogos de aventura e mistério

 

Ora uma tarde,

Estava tão concentrado,

Tão quieto,

Tão calado

Que já nem ele sabia

Onde se encontrava.

Se estava a jogar

“O colar de oiro”

Ou se era, um outro alguém,

Que jogava

“Oitavo e o colar de oiro”.

O COLAR DE OIRO.jpg

Neste momento

Está tão em pânico.

Ideia mais maluca aquela,

De se meter na aventura

De ir procurar

Na Clareira da Floresta

O colar de oiro.

Quem o faria

Sabendo os perigos,

Que no bosque havia?

 

Crocitavam os corvos

No alto das copas mais altas.

Rastejavam as serpentes,

Pelo musgo,

Fintando os arbustos florescentes.

Raposas seguiam-lhe os passos,

Lobos uivavam ao longe.

Insetos desenhavam traços,

Nos seus olhos, cegavam-no.

Outros, trombeteavam-lhe

Deixando os seus ouvidos

Surdos,

Em sangue feridos,

 

Assim, neste pânico,

Cai na Clareira da Floresta,

Onde dizem havia

Um colar de oiro,

Numa fenda desconhecida,

Que tinha como guardiões,

Dizia quem já lá tinha ido,

Muitos e ferozes escorpiões.

 

Nos seus olhos 

Como tela de um filme

Corre uma legenda sonora,

Coisa estranha de se ver,

De tal modo que não sabia

Se estava a ler,

Ou simplesmente ouvia.

 

Oitavo, Oitavo,

Presta atenção.

O vento norte vai soprar forte,

Pondo à tua frente uma folha

Fugidia

Que te levará ao Colar de oiro

Como tua guia.

 

Oitavo assim procedeu

Encontrou a bendita fenda

Com a pressa esqueceu

Que lá dentro havia

Terríveis escorpiões.

Meteu a mão

Tirou-a aos sacalões

Como se a dita

Tivesse vida própria.

 

Oitavo sente

O colar de oiro 

Que lhe desliza pelas mãos.

Vai a cair,

Segura-o com a outra mão.

Não seria agora,

Que com perigo o tinha encontrado

O iria deixar para outro

Na clareira abandonado.

 

Estava neste agarra

Deixa cair

Ouve-se um estalo.

Ao terrível estrondo

Segue-se um abalo.

A clareira desapareceu

Oitavo estava sentado

Frente ao computador.

 

Da porta uma voz,

Vamos jantar,

O pai que chama.

Foi assim que acabou

A aventura de Oitavo

Em busca de

O colar de oiro.

   Zé Onofre

 

18
Ago22

Histórias para aprender a ler e escrever - Livro I - As pepitas de oiro

Zé Onofre

As pepitas de oiro

AS PEPITAS DE OIRO.jpg

 

Numa casa,

Junto a um moinho

Instalado num açude,

No rio que ficava lá no fundo do vale,

Vivia Cristina com o seu pai,

O velho Zé Moleiro.

 

Era uma vida quieta e parada.

Tratar da casa,

Ajudar o pai no moinho,

Pescar.

 

Esta rotina

Apenas era quebrada

Para ir ao outro lado do monte

Levar farinha, no velho burrico,

Aos fregueses do seu pai.

 

Conversar com antigas amigas da escola.

Na volta sentava-se num penedo,

No meio da encosta,

Para divagar e o burrito pastar.

 

Ao longe, por entre o verde das árvores

Via-se o palácio real,

O telhado doirado, as paredes de mármore

Ao sol com mil cores resplandecentes.

 

Numa dessas caminhadas

O seu olhar foi atraído para o caminho,

Por um brilho doirado

entre as areias maiores do caminho.

 

Parecia serem pequenos seixos do rio.

 

Curiosa,

Começou a juntar os pequenos seixos

Na palma da sua mão.

Brilhavam com uma cor,

Mais dourada do que a dos telhados do palácio

Lá de longe, entre o verde do arvoredo.

 

Chamou o burrito.

Sem saber nem o como,

Nem a razão,

estava a tocar a sineta de prata

Dos portões reais.

 

Um jovem.

Delicadamente perguntou.

– Que quer a bela moleirinha

A tocar a sineta de prata

Da minha residência?

– A moleirinha, no seu caminho,

Encontrou estas pedrinhas brilhantes

Como as telhas da sua rica residência.

Não sei o que são,

Mas que devem ser do menino?

 

– Oitavo,

O oitavo filho de meu pai.

– Sou a Cristina.

Essas pedrinhas o que são?

 

Essas pedrinhas, não são pedrinhas.

São bocadinhos de oiro, pepitas de oiro.

Alguém as apanhou, não sabendo o que eram,

Deixou-as cair no caminho.

 

Já fiz o que vinha fazer,

Vou-me até casa.

O meu pai, o velho Zé moleiro,

Deve estar preocupado.

– Adeus, Oitavo.

 

Ó linda Cristina,

Filha do velho Zé moleiro,

Não se esquece de nada?

Estendia-lhe a mão

Onde brilhavam

As pepitas de oiro.

 

– Pois as pedrinhas são minhas?

Pensei, belo Oitavo,

Que seriam do seu pai, o rei.

– Não o meu pai

Tinha direito a uma parte

Se fossem tiradas do rio.

Porém, como encontradas no caminho

São das quem as achou.

 

Dizendo isto pôs as pepitas de oiro

Na mão morena da moleirinha.

 

Antes que ela se fosse

Beijou-lhe a mão.

Oitavo ficou corado.

Os olhos de Cristina

Brilharam mais do que as pepitas de oiro

Zé Onofre

Desenvolvimento

Frase - Ex,: O Oitavo entregou as pepitas de oiro à moleirinha.] 

Proceder como nos textos anteriores