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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

12
Fev23

Que viva Spartacus 37

Zé Onofre

               37

 

023/02/12

 

Sei que sou uma minora

Que acha qualquer voto inútil,

Não o consigo ver,

Seja ele de que intenção for,

Como alteração da natureza do poder.

  

Sei que sou uma minora

Que sabe e sente,

Que seja qual for o voto

Isso determine o futuro da gente.

 

Sei que sou uma minoria

Que entende que da farsa eleitoral,

A que somos chamados a caucionar,

Apenas resultará uma tropa de carrascos

Diretamente do voto popular

Ou, muito esporadicamente,

De uma maioria Parlamentar.

 

Sei que sou uma minora

Que vê para além,  

Do “Manto diáfano da fantasia”,

O sistema monstruoso que nos escraviza

Com “tacão de ferro”

E o usa como teatro de sombras.

 

Sei que sou uma minora

Que não teme nomear

As máscaras e as roupagens

Que o malfadado sistema usa

Para nos escravizar.

 

Sei que sou uma minora

Que vê uma mascarada

Nos chamados estados Democratas,

Democratas liberais

E sob outras denominações estilistas

Até aos ditos estados,

De todos aparentemente aborrecidos,

Nazi Fascistas.

 

Sei que sou uma minora

Que vê que os chamados Estados Democratas

Nos apresentam os carrascos

Vestidos com variadas roupagens,

De padrão Socialismo Democrático,

Padrão mais refinado, Social-democrata,

Ou com o discreto Democrata-cristão.

Todas eles, contudo, sorridentes e galantes

Que nos louvam o Sistema Padrão.

 

Sei que sou uma minora

Que vê os Estados Democrata liberais,

Que o Sistema desencanta

Quando os carrascos social sorridentes

Se confundem num só padrão

E são desacreditados pelas gentes.

Vestem-nos então com padrões,

Mais sérios, nada ridentes,

Social-democracia e Democracia Social

Ornados à Grande Centrão,

A cinzentona liberal Direita Conservadora,

E o lúgubre, obsceno, Pró-fascista.

 

Sei que sou uma minora

Que vê na caminhada neoliberalista,

E nos pró-fascistas que a apoiam,

Um acrescento de racismo,

De discurso nacionalista-xenófobo

Uma ameaça aos discordantes

Apontando-lhes para além do longe

As prisões e os Tarrafais

Que se perfilam no Horizonte.

 

Sei que sou uma minora

Que vê a caramunha e o mal

Onde a maioria

Só alcança a ordem natural.

Que vê um Sistema,  

Para cada momento,

Usar o seu carrasco apropriado

Para manter o seu poder intocado.

 

Sei que sou uma minora

Que vê um Sistema cruel

Que mostra qual a substância

Que lhe mantém o metabolismo

É verdadeiramente o Canibalismo.

Um sistema cuja verdadeira cultura,

Embora lhe mostre repugnância,

É uma vil, escondida ditadura,

Que se mostra em todo o esplendor

Quando usa o carrasco do nazi-fascismo.

     Zé Onofre

12
Set21

Penafiel 26

Zé Onofre

             26

 

10/06/976

 

A vida é feita de estranhos lumes,

Claridades e negrumes,

Luz contrastes,

Lâminas e gumes.

A vida é feita de vãs quimeras,

Sonhos e pesadelos,

Adormeceres-despertares,

Invernos e Primaveras.

A vida é um sonho sonhado

Ao acaso num caminho

É criar um passarinho

Numa gaiola sem grades

É correr de águas livres

Num ribeiro sem margens.

A vida é querer ser livre

Entre grades e prisões.

É criar com carinho

O fim das cadeias.

É não ter ilusões

De individuais salvações.

A vida, somos eu e tu,

Cada qual com as suas limitações,

Presos nas mesmas cadeias,

Trazendo nas nossas mãos

A vontade e a certeza

De derrubar todas as prisões.

A vida é feita de estranhos lumes

Claridades e negrumes

Luz e contrastes

Lâminas e gumes.

 Zé Onofre