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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

19
Abr23

Comentário 314

Zé Onofre

                  314

023/04/17

Sobre Los Angeles, por Cotovia (MC ) em 16 ABR23, no blog https://cotoviaecompanhia.blogs.sapo.pt/

 

Acreditar,
Todos acreditamos em algo
Real,
Quanto a realidade o pode ser,
Transcendente,
Quanto transcendência possa haver.

Tenho uma crença
No Ser Humano
Tão efémera e frágil
Como é a Humanidade.
É uma centelha
Que A acompanha
Desde o berço profundo
Em terras de África,
E A seguirá até às estrelas,
Ou mais além.

É uma crença certamente vã
Como poderá ser outra qualquer.
Mas sem uma crença
Vã seria a vida.

  Zé Onofre

24
Dez22

Dia de hoje 83

Zé Onofre

               83

 

022/12/19

 

Natal,

Orar ao Sol

Que regresse

Para nos tirar do Hades

O reino das trevas

Onde caímos no equinócio do Outono.

 

Natal,

A memória de um novo Sol

Que nasceu num curral escuro de Belém

Para dar uma nova Luz ao Mundo.

 

Natal,

Um novo olhar sobre a vida,

Uma nova visão dos homens,

Todos nascidos do ventre escuro da mãe,

Nus,

Sem coroas, nem mordomias,

Sem riquezas,

Todos nascidos de mãos nuas e puras.

 

Memória do nascimento de um menino,

Não por ter nascido um menino,

Igual a todos os outros meninos

E como outros tantos

Nascidos nas margens da vida,

Na margem da humanidade.

 

Natal, celebração de um Menino

No dia do seu Nascimento.

Porque esse Menino

Além de passar pelas fases de crescimento

- Criança e adolescente,

Jovem e adulto –

Cresceu também em Sabedoria

E Inteligência.

 

Aquele Menino, nascido num curral,

À luz das estrelas,

Entre animais e pastores,

No seu trabalho do dia-a-dia,

Na frequência da sua Igreja

Usando o saber que lhe transmitiam,

Usando a sua inteligência

Para ver a realidade

Confrontando-a com os ensinamentos.

 

Havia uma diferença abismal

Entre a vida e o ensinamento.

A sua aguçada inteligência

Não aceitava a distância

Que ia da palavra ao acto.

 

Principiou por confrontar

Os Mestres da sua igreja.

Denunciar,

Não a lei,

Mas a sua Manipulação

Pela hierarquia sacerdotal,

Pela hierarquia política,

Pela elite económica.

 

Há quem celebre o Natal

Como apenas o Nascimento de um menino.

É o Natal da minha infância.

Apanhar musgo,

Arbustos,

Para fazer o presépio na Igreja.

Era a alegria da brincadeira no Largo,

O entrar na Igreja para a Missa do Galo,

Ver o presépio iluminar-se

Ao som das badaladas da meia-noite

E de “o Gloria in excelsis Deo”.

Tudo isto depois da Ceia de Natal em família.

 

Como lembrar todos os nascimentos,

De tantas crianças

Que, como aquele menino,

Nasceram desamparados e abandonados por todos.

 

Como falar da miséria

Que fica para lá das janelas coloridas

Que expõem ao mundo o excesso

Enquanto, deitada em lençóis de neve,

Uma menina morre aquecida

Por fósforos não vendidos.

 

Como revolta

Contra aqueles que transformaram o Natal

Num Centro Comercial,

Que relegaram outra vez para um canto escuro

O aniversariante,

Substituindo-o por um velho barrigudo,

Barbas e cabelos brancos,

Vestido de vermelho,

O homem da Coca-cola.

 

Como apenas tendo sentido

Comemorar o Natal daquele menino,

Não pelo fato de ter nascido,

Mas pelo que fez

Até ser crucificado como um criminoso

Porque ousou enfrentar

Os poderes instituídos

Que manipulavam a lei em seu proveito.

 

Espero no próximo 24 de Dezembro

Comemorar com saudade o Natal da minha infância,

Sabendo, contudo, que o Natal

É muito mais que isso.

Zé Onofre

12
Set21

Penafiel 25

Zé Onofre

25

 

08/06/976

 

Parece que as pessoas não gostam da verdade.

A verdade magoa,

Mas tem de ser dita!

É esta a realidade

Quem a negará?

 

Sempre,

Sempre o mesmo vazio

A mesma solidão.

Sempre,

Sempre o frio

De dizer não.

Sempre,

Sempre a mesma arenga

Para ouvidos surdos.

Sempre o blá-blá-blá

Para se fingir

Que se faz

    Zé Onofre

10
Ago21

Souto 29

Zé Onofre

29

19/03/975

Longe da vida,

Longe da morte,

Ave perdida

Ao acaso da sorte.

 

Longe do sonho.

Longe da realidade,

Homem bisonho

À procura da verdade.

 

Longe do sonho.

Longe da morte.

Homem bisonho

Ao acaso da sorte.

Longe da realidade.

Longe do sonho.

Ave perdida

À procura da verdade.

 

Longe da realidade.

Longe do sonho.

À procura da verdade

Homem bisonho.

 

Longe da morte

Ave perdida,

Ao acaso da sorte

Longe da vida.

 

Na realidade

Homem bisonho

À procura da verdade

Longe do sonho.

 

Longe da vida

Longe do sonho

Ave perdida

Homem bisonho.

 

Longe da morte

Longe da realidade

Ao acaso da sorte

À procura da verdade.

 

Homem bisonho

Longe da vida

Longe do sonho

Ave perdida

 

Ao acaso da sorte

Longe da realidade

Ao acaso da sorte

Procuro a verdade.

 

Longe do sonho

Ave perdida

Homem bisonho

Longe da vida.

 

Na realidade

Ao acaso da sorte

À procura da verdade

Longe da morte.

  Zé Onofre