Histórias para aprender a ler e escrever - Livro I - As pepitas de oiro
As pepitas de oiro
Numa casa,
Junto a um moinho
Instalado num açude,
No rio que ficava lá no fundo do vale,
Vivia Cristina com o seu pai,
O velho Zé Moleiro.
Era uma vida quieta e parada.
Tratar da casa,
Ajudar o pai no moinho,
Pescar.
Esta rotina
Apenas era quebrada
Para ir ao outro lado do monte
Levar farinha, no velho burrico,
Aos fregueses do seu pai.
Conversar com antigas amigas da escola.
Na volta sentava-se num penedo,
No meio da encosta,
Para divagar e o burrito pastar.
Ao longe, por entre o verde das árvores
Via-se o palácio real,
O telhado doirado, as paredes de mármore
Ao sol com mil cores resplandecentes.
Numa dessas caminhadas
O seu olhar foi atraído para o caminho,
Por um brilho doirado
entre as areias maiores do caminho.
Parecia serem pequenos seixos do rio.
Curiosa,
Começou a juntar os pequenos seixos
Na palma da sua mão.
Brilhavam com uma cor,
Mais dourada do que a dos telhados do palácio
Lá de longe, entre o verde do arvoredo.
Chamou o burrito.
Sem saber nem o como,
Nem a razão,
estava a tocar a sineta de prata
Dos portões reais.
Um jovem.
Delicadamente perguntou.
– Que quer a bela moleirinha
A tocar a sineta de prata
Da minha residência?
– A moleirinha, no seu caminho,
Encontrou estas pedrinhas brilhantes
Como as telhas da sua rica residência.
Não sei o que são,
Mas que devem ser do menino?
– Oitavo,
O oitavo filho de meu pai.
– Sou a Cristina.
Essas pedrinhas o que são?
Essas pedrinhas, não são pedrinhas.
São bocadinhos de oiro, pepitas de oiro.
Alguém as apanhou, não sabendo o que eram,
Deixou-as cair no caminho.
Já fiz o que vinha fazer,
Vou-me até casa.
O meu pai, o velho Zé moleiro,
Deve estar preocupado.
– Adeus, Oitavo.
Ó linda Cristina,
Filha do velho Zé moleiro,
Não se esquece de nada?
Estendia-lhe a mão
Onde brilhavam
As pepitas de oiro.
– Pois as pedrinhas são minhas?
Pensei, belo Oitavo,
Que seriam do seu pai, o rei.
– Não o meu pai
Tinha direito a uma parte
Se fossem tiradas do rio.
Porém, como encontradas no caminho
São das quem as achou.
Dizendo isto pôs as pepitas de oiro
Na mão morena da moleirinha.
Antes que ela se fosse
Beijou-lhe a mão.
Oitavo ficou corado.
Os olhos de Cristina
Brilharam mais do que as pepitas de oiro
Zé Onofre
Desenvolvimento
Frase - Ex,: O Oitavo entregou as pepitas de oiro à moleirinha.]
Proceder como nos textos anteriores