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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

18
Ago22

Histórias para aprender a ler e escrever - Livro I - As pepitas de oiro

Zé Onofre

As pepitas de oiro

AS PEPITAS DE OIRO.jpg

 

Numa casa,

Junto a um moinho

Instalado num açude,

No rio que ficava lá no fundo do vale,

Vivia Cristina com o seu pai,

O velho Zé Moleiro.

 

Era uma vida quieta e parada.

Tratar da casa,

Ajudar o pai no moinho,

Pescar.

 

Esta rotina

Apenas era quebrada

Para ir ao outro lado do monte

Levar farinha, no velho burrico,

Aos fregueses do seu pai.

 

Conversar com antigas amigas da escola.

Na volta sentava-se num penedo,

No meio da encosta,

Para divagar e o burrito pastar.

 

Ao longe, por entre o verde das árvores

Via-se o palácio real,

O telhado doirado, as paredes de mármore

Ao sol com mil cores resplandecentes.

 

Numa dessas caminhadas

O seu olhar foi atraído para o caminho,

Por um brilho doirado

entre as areias maiores do caminho.

 

Parecia serem pequenos seixos do rio.

 

Curiosa,

Começou a juntar os pequenos seixos

Na palma da sua mão.

Brilhavam com uma cor,

Mais dourada do que a dos telhados do palácio

Lá de longe, entre o verde do arvoredo.

 

Chamou o burrito.

Sem saber nem o como,

Nem a razão,

estava a tocar a sineta de prata

Dos portões reais.

 

Um jovem.

Delicadamente perguntou.

– Que quer a bela moleirinha

A tocar a sineta de prata

Da minha residência?

– A moleirinha, no seu caminho,

Encontrou estas pedrinhas brilhantes

Como as telhas da sua rica residência.

Não sei o que são,

Mas que devem ser do menino?

 

– Oitavo,

O oitavo filho de meu pai.

– Sou a Cristina.

Essas pedrinhas o que são?

 

Essas pedrinhas, não são pedrinhas.

São bocadinhos de oiro, pepitas de oiro.

Alguém as apanhou, não sabendo o que eram,

Deixou-as cair no caminho.

 

Já fiz o que vinha fazer,

Vou-me até casa.

O meu pai, o velho Zé moleiro,

Deve estar preocupado.

– Adeus, Oitavo.

 

Ó linda Cristina,

Filha do velho Zé moleiro,

Não se esquece de nada?

Estendia-lhe a mão

Onde brilhavam

As pepitas de oiro.

 

– Pois as pedrinhas são minhas?

Pensei, belo Oitavo,

Que seriam do seu pai, o rei.

– Não o meu pai

Tinha direito a uma parte

Se fossem tiradas do rio.

Porém, como encontradas no caminho

São das quem as achou.

 

Dizendo isto pôs as pepitas de oiro

Na mão morena da moleirinha.

 

Antes que ela se fosse

Beijou-lhe a mão.

Oitavo ficou corado.

Os olhos de Cristina

Brilharam mais do que as pepitas de oiro

Zé Onofre

Desenvolvimento

Frase - Ex,: O Oitavo entregou as pepitas de oiro à moleirinha.] 

Proceder como nos textos anteriores