Rebusco 5
5
989/11/30
Voamos,
Aves desatinadas,
À procura do sol.
Corremos,
Seres sedentos de futuro,
À procura do vento.
Corremos, ou voamos,
Seres sem presente,
À procura de raízes
Que nos digam quem somos.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
5
989/11/30
Voamos,
Aves desatinadas,
À procura do sol.
Corremos,
Seres sedentos de futuro,
À procura do vento.
Corremos, ou voamos,
Seres sem presente,
À procura de raízes
Que nos digam quem somos.
Ana e a ave
Da janela do seu quarto,
Ana
Olha a paisagem
Com colinas e encostas,
Vales e ribeiros,
Que certamente irão até ao mar,
Que fica para lá do horizonte,
No qual se impõe na maior montanha,
Coberta de neve
Que reflete o sol,
O luar e as estrelas.
Não,
A Ana não vive numa aldeia.
Da janela do seu quarto
Vê prédios, atrás de prédios,
Uns mais altos, outros mais baixos,
Presos entre ruas, ruelas,
Praças e avenidas,
Para acabar
Num prédio todo envidraçado
Do solo de onde se ergue
Até roçar as nuvens.
Uma tarde,
Como noutras tantas tardes,
Ana olhava o longe.
Naquela tarde o seu olhar
Encontrou um ponto de interesse.
Era um pequeno ponto
Que se desprendeu lá longe,
Do alto do prédio envidraçado,
E se dirigia para a sua janela.
Agora que estava mais próximo
Identificou aquele ponto
Como uma ave.
Era uma ave para ela desconhecida
Tão diferente das avezinhas
Que conhecia dos parques e jardins da cidade.
A sua cabeça,
Ora branca, ora prateada,
Desprendia-se um arco-íris
Que coloria as suas penas.
Dos olhos fundos e negros
Formaram-se duas lagoas
Que refletiam a ave,
Que se aproximava velozmente,
Ignorante do perigo
Que representava o vidro da janela.
A ave
Chocou violentamente contra o vidro
Caiu como morta no parapeito.
Com cuidado abriu um pouquinho a janela,
Pegou na ave
E as lagoas dos olhos de Ana
Transbordaram sobre a ave
Que recuperou do choque.
Ana bateu palmas,
A ave bateu as asas.
Ana pegou na ave com jeitinho,
Abriu-lhe a janela,
Deu-lhe um beijo na cabeça,
Deixou-a partir.
Agora todas as tardinhas
A ave vinha visitar a Ana.
Zé Onofre
116
2000/08/23
Que venha o vento
Encher de música este verde vale.
De seguida
Venham as crianças,
De mãos dadas,
Cobrir os campos de alegria.
E venham os jovens
Descobrir
Nos seus corpos esbeltos
Os mistérios do amor.
Ao entardecer,
Que o sol espalhe,
Para além do horizonte,
Novas sementes de vida
Neste vale fecundadas.
Zé Onofre
79
994/07/04
Ó mãe,
E o tempo ainda agora começou
E já chove no molhado.
Ó mãe,
E o sol nunca mais vem?
80
994/07/04
Na hora do adeus
Nem lágrimas,
Nem sorrisos,
Nem mágoas.
Apenas o cair maduro
Do fruto.
Zé Onofre
64
sd
O galo
Não mais cantará
A anunciar um novo dia.
O galo
À meia-noite
Não mais cantará
A anunciar um novo dia.
O galo
Não mais cantará
A um novo sol que nasce.
O galo
Não mais cantará
A um novo dia,
Não mais,
Não mais.
27
985/09/21
O sol bate lá fora.
Nas águas calmas de Setembro
A dourada cor.
Cá dentro
A voz monótona de uma explicação,
E o riso cristalino da juventude a despertar.
De repente o grito da vida
Na alegria feita
De amores pacificados.
Hoje
Águas calmas de Setembro
Em Outubro.
Cor dourada de Setembro
Em Outubro.
Zé Onofre
13
982/02/03
Criança
Não és sol,
Nem oiro,
Nem praia,
Nem rio,
Nem lago,
Nem monte,
Nem montanha,
Nem perto,
Nem longe,
Nem princípio,
Nem fim,
Nem tudo,
Nem nada.
Tudo é pouco
Para seres tu.
Nada é pouco
Para seres amada.
Zé Onofre
3
27/11/977
Sempre à janela,
Flor,
À espera do teu sol.
Borboleta,
À espera do teu sol
Sempre à janela,
À espera,
À espera …
O sol é outro,
Tem-lo dentro de ti.
Não esperes!
Zé Onofre
74
15/06/978
Ouve,
Nem sempre o cinzento quer dizer
Inverno.
Às vezes,
Apenas,
O cinzento quer dizer
Inverno.
No céu o cinzento,
Às vezes,
Quer dizer chuva,
Mas só às vezes.
Ouve,
Do cinzento nasce
O sol,
Do sol nasce a vida.
Nem sempre
O cinzento quer dizer
Inverno.
Zé Onofre
69
___/04/978
Acordado nas sombras da noite
Pra ver o sol despertar.
Quero cantar belas canções
Para as calar nos teus abraços.
Quero sentir o teu amargo travo,
Sentir o teu sangue a correr
O teu corpo a tremer
Cobri-lo de flores e cravos.
Quero amanhecer-te com sorrisos,
Com sons leves de acordar,
Com a primeira luz da aurora
Ou com o último raio da estrela da manhã.
Quero o teu amor no crepúsculo do sol,
Quero ouvir o teu grito
Em noites de luar,
Quero cobrir o teu corpo
Com beijos de encantar.
Zé Onofre