Dia de hoje 75 A - Canto triste XII
75 A
Canto triste XII
022/11/13
Neste momento duro, feroz, estéril de sentido
De rota perdida, sem norte, nem bússola
Da vida em tudo afastado;
Onde nem poeta sonha, ou voz canta,
Nem criança tem doce sorriso;
Cujo nome, das gentes conhecido,
É democracia, na verdade, ditadura.
A qual a propaganda
Elevou às alturas
De verdade absoluta
Onde uma dúvida à sua verdade
É sinal, de herética malvadez,
Saudade de uma experiência falhada.
Sendo uma amostra onde
O desejo de um regime vil se esconde;
Nele aparece o governo que se encosta
Ao regime, que vem em crescendo,
Do século dezoito, liberalismo chamado
Que conforme o tempo foi volvendo,
A sua língua de mel-veneno composta,
Outros nomes lhe têm dado.
Agora como vento quer apressado
Derrubar com o seu longo braço
Tudo que a luta operária obteve
Tida pelo capital como desventura.
Agora, nesta hora de retaliação pura
O imperialismo, num momento breve,
Quer que a luta operária fique sem espaço,
Que para sempre a exploração
Mantenha, em todo o mundo, dominação.
Aqui chegamos, vivendo tristes os dias,
Que enganados fizemos maus, solitários,
De desprezo e de humilhações cheios,
Trabalho forçado indigno de operários,
Depois de lutas duras terem tido direitos e regalias.
O capital com vãs promessas de cofres cheios
Põem os operários sozinhos com os seus meios,
A lutarem contra a sua própria natureza.
Não reparam que quem assim os ilude,
Quer que percam, da união, a memória
De lutas duras em que lhes sorriu a vitória.
Que esqueçam a gente que na união viram a virtude,
Para acabar com o capital com toda a certeza,
Que, apesar de à exploração e ignorância sujeita, sabia
Que um mundo sem exploradores haver poderia
Zé Onofre