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Notas à margem

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Textos escritos em cadernos, em guardanapos, em folhas encontradas ao acaso, sempre a propósito, nunca de propósito. isto é "vou escrever sobre isto". Não é assim que funciono.

Notas à margem

15
Dez22

Rebusco 2

Zé Onofre

2
989/10/11

I

José correu,
Depois voou,
Perdeu-se no azul.

Restou dele
Apenas uma réstia
De nada.
Foi feliz.

II

Passamos o tempo
A perder o tempo
A lamentar o tempo perdido.
Somamos tempo perdido
A tempo perdido.
Quando usaremos o tempo,
Que nos é dado,
Para construir
Um tempo acrescido
De felicidade?

III

Rasgamos
Com fúria,
As condições primeiras da felicidade.
(Ternura,
Ternura e mais ternura).

Depois
Recordamos metodicamente
Os sonhos perdidos
Ao amanhecer.

IV

Pegamos em crianças.
Que fazemos delas?
Macaquinhos amestrados
A Responder a estímulos?
Macaquinhos pequeninos
Muito bem ordenadinhos?
Meninos comportadinhos,
Pequenos homenzinhos?
Ai escola, escola.

V

Pura poesia
É
A vida em movimento.

O parado
É
Sofrimento.

A escola parada
É
Tristeza pura.

Secas
São as vidas torturadas
Nos bancos da escola.

Secas
São as palavras
Que, frias, escorrem
Dos lábios das crianças
Sem sentido,
Sem ardor.

    Zé Onofre